Quem de verdade se dá conta deste fato tão corriqueiro?
Primeira providência a ser tomada para que haja o despertamento da vida, na mente de cada criaturinha humana.
Através deste simples ato de gratidão que pode ser creditado ao poder maior da predileção de cada um, reserva-se o ato contínuo do também despertamento para o senso de pertencimento pela constatação material da própria existência.
Tocar-se, sentindo o próprio corpo, num gesto de posse carinhosa, onde o sentir-se toma dimensões amorosas com indução a preservação deste bem valioso.
E com a constatação da vida, o reconhecimento da matéria e a percepção dos cuidados que se precisa ter, automaticamente, os sentidos também despertam, estimulando mais rapidamente a criatura a uma nova caminhada de um novo dia.
Bom dia! Para todo aquele que se sente e que reconhece o tudo de bom que lhe cerca, numa gratidão à vida.
Há quem desperte e franza a testa num descontentamento viciado por achar que deveria dormir mais, numa birra constante com seu próprio relógio biológico, que, bem ajustado a suas necessidades, despertando na hora exata, assim como também soa o alarme, quando é chegada a hora do descanso.
Mas quem de verdade segue as próprias regras fisiológicas?
Teimar consigo mesmo é sempre a primeira regra do humano inconsequente que afronta sistematicamente a sua natureza perfeita, burlando todo o complexo de uma ciência exata que lhe pertence sem reposição.
Há quem acorde e, ato contínuo, acenda um cigarro, puxando aquela baforada profunda para dentro de si, como que recolhesse o lixo existencial e a lixeira fosse o seu próprio pulmão.
Há quem acorde lamentando não ser sábado ou domingo, por estar fazendo calor ou frio, por ter que sair ou não ter para onde ir, numa lamentação simbiótica que o persegue por toda uma existência.
Mas há os que se reconhecem como vida e sorriem, abrindo os braços e se envolvendo num caloroso abraço, aquecendo o corpo para quem mais quiser nele se esquentar, aproveitando o calor da bendita gratidão.
Trecho do livro - Percebendo a vida- sendo editado- 2021- editora scortecci-SP
Olá, Regina,
ResponderExcluirum texto profundo para nossa reflexão.
Quanto à solicitação do poema de Garcia Lorca, que ele diz sentir ciúmes da morte, vou procurar entre meus livros, se encontrar envio para você logo que possa.
Um ótimo domingo.
Abraço.