Não sei quando começou, mas em algum momento de minha vida, provavelmente por puro senso de sobrevivência, comecei a virar a página e não foi que deu certo, afinal, nunca mais o ontem, conseguiu destruir o meu hoje e muito menos, me impedir de desejar ardentemente o amanhã.
Neste instante, constato que o sol está se manifestando e provavelmente por isso, os pássaros estejam todos ouriçados, numa algazarra que nem o sabiá seria capaz de copiar e até, imaginem...Ouvi um galo a pouca distância e sorri, afinal, este é um morador novo nas redondezas que de tão feliz com a nova morada, também se esgoelou as quatro da matina ou, quem sabe, querendo que eu o ouvisse.
Nossa, mas eu sou presunçosa demais!!!!
E por que, não o seria?
Tolice maior é sofrer pelo que já passou e que somente nos incomoda, porque assim, permitimos.
Virar a página e reescrever a própria história é se amar e ser grato por ainda existir e poder consertar aqui e acolá, com remendos bem discretos e fortes ou tintura nova, afinal, o que não dá é para dia após dia, manter viva a dor do estupro emocional que flagela e faz doer, murchando precocemente o físico e esfacelando a mente.
Fácil com certeza não é, mas se houver a devida conscientização do valor e da vulnerabilidade da vida e por um instante, formos capazes de enxergar além de nós mesmos, a tarefa vai se amenizando, o rosto se iluminando e o tudo mais se encarrega de nos dar uma forcinha e aí, em dado momento, “o tudo bem”, começa a substituir a testa franzida e o “eu não posso”, desculpa esfarrapada que usamos por todo tempo, justo para sabotar o nosso direito de usufruirmos a vida.
Egoísmo?
Sim e por que, não?
Afinal, viver só faz sentido se estivermos bem, com plena capacidade de nos compreender e nos adaptarmos ao tudo de bom, que existe e está nos esperando.
Só precisamos nos ater aos limites das influências do ontem, sobre o hoje, no que se inclui, não menosprezar o já vivido, mas extrair dele, os benditos aprendizados, não para nos cercear, mas fazendo deles, margens seguras para nos orientar.
O que me aborreceu ontem?
Sei lá... Lembrar para quê?
Todavia, agora, tomar um café da manhã, pensando no tudo de bom que fui capaz de vivenciar ontem e fazer daqueles momentos, inspiração para colorir o meu agora, é tudo que vai valer a pena, até porque, o sol está a cada instante mais presente e o meu tesão de viver, a mil por hora.
Vira a página, você também...
Deixe de ser um disco arranhado, um CD danificado, uma pessoa infeliz...
Nenhum comentário:
Postar um comentário