Neste domingo acinzentado e meio friorento em que as dores se apossaram de mim, ouço para me distrair lindas canções e escrevo e escrevo e enquanto isso, vou driblando as safadas que insistem em fazer-me dobrar vez por outra, numa insistência absurda em querer tirar de mim o sorriso...
E então, nesta quebra de braço, por enquanto, estamos empatados no gigantismo de nossos quereres, já que não permitirei jamais que qualquer dorzinha desocupada, venha abusadamente tirar o brilho de um só instantes de minha vida.
E aí, troco de roupa e saio para uma caminhada na companhia de minha filha, perfeita escudeira da mamãe e juntas, caminhamos por 25 minutos, recebendo no rosto o frescor do cair da tarde, com a certeza que mais forte que qualquer dor é o meu desejo de vida.
Vida que recebo através do prazer de saborear uma farta refeição.
Vida que me alimenta no respirar profundo de cada amanhecer.
Vida que me estimula a adentrar nas almas daqueles que me leem, levando o melhor de mim.
Vida que me arrepia, lembrando-me a cada instante que sou vida e que esta, não se dobrará jamais a uma dorzinha safada, insistente, mas absolutamente fraca, diante do meu contínuo gozo existencial.
E aí, caminhando e apreciando as arquiteturas locais, que por sinal, são lindas, percebi que faltava velocípedes, bolas ou qualquer outro brinquedo nos quintais, assim também, como não vi jardins, quando muito, pequenos e discretos canteiros.
Árvores... Aonde estão as árvores?
Gente, este condomínio mais parece uma maquete armada e sem vida a espera de admiradores, num stand de vendas bem elaborado.
Hoje é domingo e sequer uma música, um cheirinho de carne assando na churrasqueira improvisada.
Aonde estão as pessoas?
As casas parecem vazias, sem vidas pulsantes, tudo muito certinho, educado, um verdadeiro stand de vendas.
Cadê o barulho das crianças em suas naturais descontrações e traquinagens?
Tudo me pareceu tão deserto e aí, como não sentir saudades da minha Itaparica, onde os sorrisos colorem as casas e as nossas almas, onde as músicas muitas vezes fuleiras, nos fazem balançar as cadeiras e pipocar os pezinhos, nos muitos compassos de vida e liberdade.
Calor humano, aonde estás que não te encontro?
Faltam-me compatíveis...
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