quinta-feira, 18 de novembro de 2021

QUE AMOR É ESSE, MEU DEUS?

De repente, acordei e num gesto mecânico, levantei um dos meus braços e fiquei admirando a minha mão esquerda, através dos movimentos de meus dedos bailando no espaço.

Quão poderosas e lindas são as nossas mãos...


Que maravilha somos nós, bastando tão somente, que observemos apenas este detalhe de nossa anatomia para percebemos o quanto esta preciosidade que nos é  útil, mas que nem sempre somos capazes de valoriza-la, assim como mensurar o quanto, sem ela, todo o restante se ressentiria.

Enquanto, namoro minhas mãos, ouço a algazarra dos pássaros no peitoril da janela que de tão ouriçados, vez por outra esbarram asas e bicos no vidro, na pressa que estão de me darem o bom dia e ao mesmo tempo, avisar-me que hoje, vai chover e fazer frio e automaticamente, puxo com as benditas mãos a colcha, num movimento também mecânico de me aquecer.

Penso então, que novembro lá vai chegando ao fim e mais um ano em breve terminará e que eu passei a maior parte de minha vida, usando minhas mãos para tudo, mas principalmente para folhear livros, dedilhar em máquinas de escrever e computadores, assim como segurar as centenas de canetas com as quais, escrevi sobre a vida em todo o seu esplendor.

Minhas preciosas mãos com as quais, alisei os meus filhos e o homem de minha vida, acarinhei pessoas com as quais tive o privilégio de conviver, escondi meu rosto nas muitas vezes em que me senti medrosa ou encabulada e enxuguei infinitas lágrimas de alegrias ou decepções, que rolaram pelo meu rosto.

Com estas mesmas mãos, escolhi as roupas que apreciei, calcei as centenas de sapatos que minha vaidade escolheu e lavei infinitas vezes este corpo, única e não menos maravilhosa morada de mim mesma.

Mas foi com estas mãos que cozinhei deliciosos quitutes, apenas para agradar aos meus amores e com estas mesmas mãos, bati portas e esmurrei mesas, na luta constante de me firmar como mulher em um mundo separatista que cobrava de mim, ser apenas de cama e mesa, quando minha mente inquieta, exigia mais, queria o mundo.

Que amor é este, meu Deus que o fez criar em apenas dois pequenos membros, tão belos e completos complementos?

Mãos benditas com as quais, neste instante, num movimento simples, se juntam aos meus lábios para apenas, mandar um singelo beijo de bom dia para você, linda e preciosa criatura que me lê.

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