domingo, 21 de novembro de 2021

PRESENTES DO COTIDIANO

Existe nos dias atuais uma obrigatoriedade em se mostrar, feliz, bonito e com a vida absolutamente perfeita, quando, cada pessoa, bem sabe que esta condição de felicidade contínua é pura ilusão midiática, assim como uma cobrança permanente para se conseguir atingir qualquer meta seja pessoal ou profissional e aí,  mil disfarces são produzidos para camuflar a originalidade, empanando dores íntimas, absolutamente naturais e criando-se verdadeiras mentiras existenciais e ao menor descuido, explode de mil formas diferenciadas, tendo em comum, a violência ou a indiferença que são as produtoras da “infelicidade” que leva a matar ou morrer, nem que seja, a alma.


Passei minha vida, promovendo a vida em forma de versos e prosas, numa sempre tentativa de trazer ao cotidiano meu e daqueles que me lessem para um patamar menos opressivo, mas jamais sufocador, extraindo da natureza todos os possíveis subsídios, para se tornarem exemplos de vida e liberdade, caminho único para se driblar as dores do mundo e recebe-las em cada um de nós, de forma mais suavizada e menos opressiva.

E para tanto, fiz-me exemplo cotidiano, jamais escondendo os males que me invadiam, jamais camuflando emoções e sentimentos e aguentando firme as porradas que os ventos contrários, jamais deixaram de açoitar-me.

Fiz questão de não engolir lágrimas e muito menos economizar sorrisos e, em muitas ocasiões, mandei a merda com o mesmo prazer e sinceridade que exclamei, eu te amo.

Provavelmente, por esta razão, a autenticidade e a irreverência que sempre estiveram aparelhadas a minha natureza de carioca livre, trouxeram-me alguns dissabores, mas com certeza, fortaleceram infinitos momentos, onde o sorriso e as lágrimas foram reais em minha existência, ao ponto da universalidade, insistir em me presentear sempre com o magnífico dela e de todos a minha volta.

Chego caminhando nesta altura de minha vida, abastecida do tudo de bom, que vem e quando não vem, sem cerimônia eu vou buscar e a cada instante, choro ou sorrio, mas determinada a seguir enfrentando com o melhor de mim, este sistema cruel e insistentemente carrasco que sempre se esforça em criar modismos, destruir valores, sabotar verdades, única e exclusivamente para nos manter sob controle.

Olho-me no espelho e o que vejo é uma linda mulher, cheirosa e gostosa, mesmo ainda com dor, que hoje completa 72 anos( isso não é pouca coisa) e ainda, sentindo um enorme tesão por simplesmente estar vivendo, com a certeza absoluta de que, se sobrevivi, é porque, fui capaz de respeitar amando tudo à minha volta e este tudo, jamais me negou o aconchego de um ombro amigo para chorar e um abraço forte para comemorar as imensas alegrias.

Não esquecendo dos beijos, que sempre adorei dar e receber...

O aniversário é meu, mas com certeza, o presente é você que generosamente me lê, enxugando minhas lágrimas ou aplaudindo os meus sorrisos, dividindo um pedaço de suas manhãs comigo numa sutil parceria, onde jamais faltou o equilíbrio, a razão e o amor.

Gratidão por existirem em minha vida.

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