domingo, 7 de novembro de 2021

MOEDA CORRENTE...

Jamais digo desta água não beberei, até porquê, vivo sentindo sede e, assim é com o tudo mais, afinal, como mensurar com uma porcentagem de certezas absolutas se sequer, posso saber se estarei vivinha no segundo seguinte.


Se pararmos para pensar só um tiquinho com a racionalidade que nos foi conferida, a vida se torna uma loucura, ora bolas, se não somos capazes de saber como será com certeza o segundo seguinte, como podemos fazer planos, empenhar meses e anos de uma vida que sequer temos parcial controle?

Uma loucura total a que nos jogamos no exercício da vivência que mais parece um jogo de roleta, onde o dado gira e cai e pode não ser em nós.

E é justo por inconscientemente sabermos (mas jamais admitimos), que tocamos o cassino como se a banca fosse nossa e a decisão da vitória nos pertencesse, levando muito neguinho metido a esperto, a dar com os burros n’ água, comprometendo-se até a próxima geração e depois, morrendo de trabalhar para pagar o que geralmente, não tem tempo para usufruir.

E são esses crupiês da vida que quando morrem, deixam a família em polvorosa, gastando em meses o que eles juntaram em décadas, num jocoso desrespeito aos seus esforços e dedicações absolutamente inúteis.

E aí, moleca que sempre fui, coloco-me como uma morta presente, tendo que apreciar filhos e netos sem qualquer parcimônia, vendendo por qualquer preço aquela preciosidade que eu cuidei por toda uma vida.

Toma desavisada!!!

Por estas e outras é que decidi que jamais seria uma fantasminha sofredora, já que não deixarei nada que possa ser vendido ou penhorado, pois, gastei tudo que ganhei, vivendo como uma rainha, morrendo como uma plebeia, mas em contrapartida, já que além de perdulária, sou doce e amorosa, deixo o meu amor, como acalanto, meu tempo sempre disponível para ser recordado, o calor intenso dos meus abraços, quando a solidão se fizer presente e meus beijos doces para que nenhum deles se esqueça que amar é preciso, pois, afasta a dor, leva embora o pranto, moeda corrente sem câmbio específico, mas aceita em qualquer lugar.

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Essa é a única moeda cujo valor permanece intacto.

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