Penso que sempre fui o exemplo mais expressivo daqueles “tracks” das festas juninas, que fazem estalos suficientes para surpreenderem as crianças, mas ate elas, não demoram muito para entenderem que eles, não representam perigo.
A pólvora que me compõe é pouca e ainda revestida de uma resistente camada de paixão que ajuda a fazer barulho, mas não fere a todo aquele que a manipule.
Na realidade, eu queria ser um apenas fosforo que ao ser riscado, acendesse estrelinhas que encantassem. Todavia, não estava escrito em meu destino...
Os por quês, empanaram os mistérios que certamente, representam uma estrelinha, na mente de quem a admira.
Na realidade, nem “Tracks” e nem “estrelinhas”, minha teimosa transparência de propósitos, eliminava qualquer atrativa sedução.
A Regininha, desmontava qualquer brinquedo, só para conhecer o seu conteúdo, pagando com castigos e safanões, tão aguçada curiosidade.
Quando nada encontrava, punha-se a imaginar como poderia ter sido...
As bonecas, foram as minhas primeiras decepções, mas os patins com aquelas bolinhas de aço em suas pequenas rodas, levaram-me ao céu das mil perguntas, aguçando a minha imaginação, afim de responde-las.
Nunca corri tanto para fugir das chineladas, mas também, nunca esqueci daqueles momentos que sentadinha na soleira de meu quarto, que fazia divisa com a pequena varanda, tendo em mãos uma chave de fendas de meu pai e na mente de dez anos, uma imensa curiosidade.
Queria desvendar o segredo daquele brinquedo mágico que me fazia alçar, a partir da calçada da Barão da Torre, infinitos voos, enquanto, meus longos cabelos castanhos, desnudando meu pescoço, também voavam ao serem puxados pelo vento de meus próprios movimentos, mesmo em meio ao calor ameno das tardes de minha infância em Ipanema.
Nestes instantes, enquanto relembro parte de minha formação de pessoa, percebo, o quanto a minha essência curiosa, determinou a minha existência, riscando nas páginas em branco dos meus sentidos, os traços marcantes de minhas ações e reações, assim como, estruturaram em minha mente, a sempre busca do fascinante desconhecido...
Regina Carvalho-24.01.2024- Itaparica
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