Enquanto caminhava no quintal, afim de apagar o holofote próximo ao portão da garagem, fui abraçada por um vento meio que acanhado, mas absolutamente abusado, que me fez sorrir e não ter pressa.
Parei, olhei ao redor, como se quisesse enxerga-lo e, o consegui, já que abraçava também o tudo mais, inclusive, farfalhando as palhas dos coqueiros que em total excitação, deixavam escapar de forma audível, seus ais de prazer.
Tais gozos livres e despudorados, contagiaram até os pássaros que agitados, cruzavam o jardim em voos barulhentos e rasantes ao ponto de fazer-me sentir as vibrações de suas aproximações.
Tudo muito rápido, mas tempo suficiente para que eu percebesse, absolutamente encantada o gigantismo da simplicidade da vida em mim.
Penso então, que nada de real importância, deixo escapar de meu senso natural de observadora e que com o passar do tempo, foi se apurando, através da eliminação do apenas, supérfluo.
Qual será o critério que meus sentidos se utilizam para analisarem e em seguida, determinarem o que realmente vale a pena ser considerado em milionésimos de segundos?
Provavelmente, o que me arrepia, mesmo que o calor esteja abrasador, como nesta manhã de verão...
Arrepiar-se é sentir-se atraído, não só por um todo estético, mas acima de tudo, pelos detalhes que são as originalidades determinantes à sua definição, assim, como são, indiscutivelmente, indisfarçáveis e irretocáveis.
O ventinho se foi, mas deixou em mim, nos pássaros e no tudo mais, com certeza, o gostinho safado do quero mais...
Regina Carvalho-22.01.2024 -Itaparica
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