quarta-feira, 10 de janeiro de 2024

RELEMRAR É PRECISO...

Atravessei a Praça do Campo Formoso, tomando o rumo da Biblioteca ao encontro do meu carro, confessando estar absolutamente anestesiada, portanto, nada verdadeiramente enxergado, apenas, me lembro do imenso calor que literalmente, molhou o meu corpo.

Depois, de um vigoroso banho, tentei escrever sobre todas as emoções que senti naquela tarde de festa em miha Itaparica, mas foi em vão a minha amorosa disposição, pois, nem uma só palavra eclodiu de minha mente, como se de repente, tudo me parecesse indescritível, por não existirem as benditas vibrações amorosas dos anos anteriores, onde, ao lado de meu Roberto, acompanhava registrando em fotos, não só os costumeiros salamaleques políticos, como e principalmente, a grandeza do povo, alimentando com sua energia, o corpo cultural da cidade.


A segunda chegou e novamente, nada consegui escrever, mas hoje, precisamente, agora, pensei na festa e no tudo que ela, já não mais representa para uma juventude a cada dia mais desprovida das tradições e então, como me esquecer de François Starita, que durante meses em minha casa, elaborou na forma de um resgate brilhante, toda a tradição do histórico 7 de janeiro, em meio a um desinteresse generalizado de quem de direito, deveria facilitar, incentivando e não medindo migalhas para que, vizinhos da cultura, aqui viessem num congraçamento inédito da bendita interação do passado com  o presente.

E aí, penso na importância das memorias culturais que sempre abriram espaço para as novidades musicais, fazendo com maestria o encontro das águas da cultura com as evoluções sociais, o que durante décadas, garantiu não só a preservação das mesmas, como garantiu a qualidade das novidades que surgiam.

O hábito dos governantes em oferecer ao povo o pão e o circo, como estratégia em mantê-lo alimentado e feliz, já existia desde as mais remotas civilizações, o lamentável é que a cada ano da atualidade, o pão escasseia, só sobrando o circo, cada vez, mais variado e em sua maioria, da mais baixa qualidade e estranhamente, com valores monetários, estratosféricos.

Lembro que nesta data, a vitrine política era mostrada, desfilando a céu aberto, assim como sob as estrelas, mas jamais, precisou-se tanto de seguranças particulares e guarnições policiais para seguirem o cortejo dos caboclos e muito menos as cordas do festejo, serviram de chibata entre candidatos.

Penso então no progresso e na liberdade, nas tradições culturais, meios pelos quais, desfilavam ideologias e alguns valores que hoje, pelo menos em minha Itaparica, não se vê mais, ficando na lembrança de alguns, como eu, o saudosismo em forma de lamento...

Que pena...

Quanto brilho, quanta alegria, mais de mil palhaços no salão...

Regina Carvalho-99. 01.2023- Itaparica

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