Tudo que neste instante, posso desejar ouvir, com certeza, é Noturno de Chopin, capaz de colocar ordem no emaranhado de um tudo vivido, que foi capaz de fazer de mim, o que sou.
Olho através da janela e posso observar o sol esforçando-se para abraçar este novo dia, numa tenacidade bonita de se ver...
Os pássaros desde bem cedinho estão arredios e se escondem entre os galhos e as folhagens das mangueiras do meu e dos quintais vizinhos, ficando somente, o sabiá a exibir-se deixando o seu canto agudo, ensurdecer os dos demais.
As mangas salpicam o gramado...
Machucadas deixam aparecer as feridas das quedas bruscas, provocadas pelos ventos fortes e tempestades inoportunas, o mesmo ocorrendo com as acerolas, que deitam seus corpos frágeis ao pé de si mesma.
Volto os olhares pra mim, podendo enxergar a tenacidade em acreditar que minha Itaparica linda, não deveria ser ferida pelas constantes ações dos homens, que como bruscas tempestades, encharcam a terra, matando os brotos ainda tenros, ferindo frondosas arvores, jogando ao ostracismo, ideias e ideais, forçando ininterruptas adaptações, não oferecendo espaço e tempo, para que raízes fortes se desenvolvam, ficando os sois fracos tentando, talvez, afastar as pesadas nuvens, que nublam o belo e o justo.
Então, lembro dos velhos e experientes jardineiros, levando-me a pensar que estarão, talvez, escondidos como os pássaros, bicando aqui e acolá, nas sobras dos seus interesses, deixadas pelas estiagens das pesadas e destruidoras chuvas...
Que pena, nem para forragem, haverão de servir...
Regina Carvalho-29.01.2024- Itaparica
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