terça-feira, 30 de janeiro de 2024

NEM MESMO PRÁ DEUS...

De onde escrevo, o ambiente tem três janelas amplas e duas seteiras, permitindo-me receber a luz do dia esteja ele com sol ou chuva, assim, como de cada uma delas, posso enxergar uma arvore frutífera, portanto, melhor cenário inspirador, não há...

Pensando bem, a natureza sempre esteve presente no meu cotidiano, talvez, por esta razão, sua beleza, suas cores, seus variados perfumes, sabores e texturas, integraram-se aos meus escritos de forma indelével, inclusive, também corroborando na escolha de meus pares vivenciais.


No início, estar com a natureza, independeu de minha vontade, mas depois, quando, finalmente, o destino deu lugar as escolhas pessoais, reconheci ser este o meu lugar, com certeza, tornou-se prioridade em minha vida e para poder senti-la próxima de mim, valia como vale até hoje, qualquer aparente sacrifício.

Quando escrevo ou falo que sinto em alguém sua textura e aroma, acreditem, não é delírio criativo de uma apenas, escrevinhadora e sim, uma realidade absorcisa, após anos e anos de profundo reconhecimento sensitivo que me estimula ou não a desejar saborear.

Provavelmente, por esta razão, nada me é banal...

Penso então, nos lindos e carnudos cajus, cuja beleza sempre atraiu o fascínio de meu olhar, que indubitavelmente, sempre me leva ao toque e a delícia em sorver o seu perfume, mas cuja consistência de sua carne, me causa arrepios estomacais.

Afinal, nem tudo que seduz, é ouro...

Bem, sentei-me para escrever sobre o constante preconceito que persegue as mulheres desde a sua criação e acabei pensando na natureza, numa aparente desconexão mental, todavia, na realidade, tudo se resume numa única realidade, já que, cajus, mangas, acerolas e gente, são obras do mesmo criador. 

Terá o poderoso Deus, correlacionado o ser humano com o tudo mais que já havia criado, extraindo detalhes fundamentais e os direcionado ao homem e a mulher, traçando em cada um, caraterísticas marcantes do tudo mais, afim de que, ao enxergar uma flor, um rio, um oceano, um céu azulado ou bravas tempestades, lá estivessem humanos a representa-los.

Pois é...

Se Deus pensou em tudo equilibradamente, distribuído num só corpo e mente humana, todas as grandezas de suas criações, por que, faria da mulher, sua mais ardilosa criatura, afim de estigmatizá-la como corruptora do homem, desafiadora de Deus, para em seguida, dotá-la dá mais sublime capacidade amorosa. 

Não faz sentido...

Nem mesmo para um Deus, senhor do universo...

Obs: Ouço Ave Maria de Bach Gounod

Regina Carvalho- 30.01.202 Itaparica

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