sábado, 2 de setembro de 2023

O OCEANO QUE ME AGUARDA

Como uma cobra sadia, encontro-me num processo que me parece interminável, já que de tempos em tempos, venho trocando a pele de minha alma e de meus hábitos...

Sentirão as cobras os abalos emocionais que sinto?

Como tenho conseguido sobreviver as perdas contínuas de tudo quanto, permaneceu em mim em forma de vestimenta e proteção?

A cada pele que se solta, um renascer descortina-se, não sem antes e durante o processo, causar-me confusão mental...

A cada nova pele que penso admitir ser definitiva, um novo processo se inicia e todo o meu ser, lentamente vai permitindo a liberação das velhas escamas que continham em si, camufladas necessidades que já não mais encontram espaço na nova roupagem que me é devida.

Aonde irei parar com este processo que me renova e transforma, deixando-me livre de culpas, medos, abrindo horizontes, reforçando em mim a temporalidade. 

Vivo só como um túnel, onde o tudo mais passa sem pausas ou como um farto rio, cujas águas seguem o curso de seu próprio caminho, indo ao encontro de um certo oceano que as espera.

Onde estará o oceano?

Ele existirá ou estarei por todo sempre, apenas seguindo adiante, revestindo-me do que vou encontrando ao longo do caminho?

Não sei...

No entanto, sei que hoje, nada em mim, está como ontem...



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