A emoção que a admiração desperta, leva ao apaixonamento. Por reconhecer em alguém um valor que nos faz contemplar nossa própria imagem invertida, amamos. Tal como um espelho, o outro representa o que desejamos ser ou somos e por isso, este outro se torna objeto de contemplação, admiração.
Agora, quando este outro é nós mesmos, aí, a psicologia denomina de Narcisismo.
Ando reparando que de uns tempos para cá, venho resgatando o prazer em me admirar, tal qual, fazia em minha juventude, quando então, me sentia a última bolacha recheada do pacote.
Também não era pra menos, afinal, eu era uma morena de pele clarinha que queimadinha de sol, virava uma cocadinha de gostosa.
Mas agora, pelo amor de Deus dona Regina, toma vergonha na cara...
Eu não estou nem aí, olho no espelho e me adoro, gosto de tudo que vejo e minha imagem, só me faz sorrir, então, creio que virei uma narcisista da terceira idade.
Por que, não?
Ora ora, e se não bastasse, minha bagagem apesar de farta é leve....
Que mais posso desejar, além de poder viver mais e mais, assim como estou, amando todas as alterações físicas, enriquecendo a minha mente, adoçando a minha alma a cada instante e transferindo para o tudo mais, toda a ternura que desperto em mim.
Pior é que eu sempre tive a mente safada e preciso me controlar...
Narcisista, sim senhor, afinal, na terceira idade, porque estou proibida de me qualificar como velha, por um longevo querido amigo, assim determinou, apenas ressaltamos o que sempre fomos ao longo da vida, assim, como o álcool, que só desperta a violência em quem lúcido a camuflava.
Deixa eu me aproveitar de mim, enquanto posso...
A gente não muda, apenas, nos potencializamos ou não.
Simples assim...
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