Meu Deus, nesta manhã de plena primavera
acuso-te, lamentando
teres criado o proibido
tatuando assim, nos seres humanos
o escapismo, o disfarce, a mentira.
Pra quê, por quê?
Pior do que isto, criaste a culpa
Matando numa única determinação
O direito do querer o que nos convém
Aprisionando-nos nas regras lógicas de um todo
Desconsiderando os impulsos do ser único
Criado por ti
Que por ser obra de tua modelagem
Foi impresso de acordo com a tua essência
Essência do sem limite imaginativo
Transformando o homem, segundo as tuas próprias emoções.
Ora céu azulado, ora nuvens cinzentas e tempestade
Ora águas de um regato cristalino, ora profundo em alto mar, ora um pássaro semeador, ora uma serpente assustadora.
Ora com a força de um tigre, ora com a leveza de um beija flor.
De onde tiraste os moldes para produzires as culpas e os castigos?
Teria sido de tua mente questionadora, por saber-te absurdamente poderoso, criando cópias sem medir os riscos?
Não teria sido a ti, direcionadas as culpas, por teres por vaidade, criado fiéis cópias, não te restando outra alternativa, senão, criar punições, tentando impor limites às mentes absurdamente sem limites?
Criastes com os castigos, as regras para o controle do apenas eu.
Estarei enlouquecendo ou tão somente, me reconhecendo em ti?
Penso e assim, sou capaz de me enxergar mais claramente e ao me sentir tua mais perfeita criação, apiedo-me de ti, de mim e desta humanidade sem limites que não abre mão de comer a maçã, numa sempre disposição em ser feliz, igualzinha a ti, que não temeu a ti próprio na criação desta fantástica e sem limites, vida.
Regina Carvalho
08/9/2023- Itaparica
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