quarta-feira, 27 de setembro de 2023

NEM UMA LUA SEQUER...

Acordei ansiosa para transcrever o poema que havia feito através do sono, sentei-me na beirada da cama e, absolutamente nada consegui trazer a luz da consciência, restando apenas uma sensação gostosa de que o tema com certeza era o amor, não o carnal ou em relação a alguém específico, mas ao amor fraternidade e paz que deveria estar presente na vida de todo e qualquer ser humano, independentemente dele ser ou ter isto ou aquilo, como um magnífico complemento ao seu todo de criatura humana.

O jeito foi levantar, tomar o pingado, fazer as minhas postagens de costume e lembrar que hoje, é o dia em que se comemora São Cosme e Damião e aí, lembrei-me das muitas distribuições de doces que minha família promovia e que consumia um dia inteiro de preparos e outra de distribuição.


Lembro das deliciosas balas de coco e dos bolinho de coco que eram assados nas forminhas de papel, cujo nome original esqueci, mas que eu, simplesmente amava, tudo feito por minha mãe, enquanto tia Carlota ou Loca como era chamada, cuidava das cocadas, pés de moleques e tia Luiza, se esmerava no doce de batata doce de corte e nas inesquecíveis queijadinhas, afinal, do armazém, nada era comprado além dos ingredientes para tão completo farnel, afinal, fazia parte do cumprimento da promessa, o labor dos preparos.

Toda esta maravilha acontecia na casa de minha avó materna, dona Maria dos Anjos, uma portuguesa de trás dos montes, branquinha de olhos azuis, mulher forte e resistente, comerciante nata que veio sozinha aos 19 anos para o Brasil em busca de tempos mais favoráveis. No navio, conheceu o charmoso Domingos e ao desembarcarem, já unidos estavam.

Penso então, que as mulheres de minha família sempre foram determinadas e portadoras de coragens e talentos pouco encontrados nas mulheres de suas épocas, tanto da parte de mãe quanto de pai.

E aí, lembrando da família de meu pai, penso no dia de São Jorge, onde minha avó Regina e as tias Nair e Helena, preparavam o farnel especial para oferecer ao orixá OGUN, só não entendia na época, porque, não se podia comer, mas tudo bem, eu pensava, afinal, meu paladar não combinava com o do santo, principalmente aquele quiabo babento que fazia e faz até hoje, meu estômago revirar.

Pois é, lembrei de tantas coisas de minha infância e não consegui lembrar do poema que minha mente produziu durante mais um sono tranquilo de minha vida. Então, como adoro viajar nas hipóteses, penso que talvez, eu não tenha lembrado dos versos formais, mas sim, dos contextos vivenciados que formataram em mim, um ardor amoroso que me faz enxergar a vida e tudo que nela existe de uma forma mais suavizada, até mesmo, quando a irreverente, a passional Regininha, assume o protagonismo, afinal, dura pouco, nem uma lua sequer.

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