Não tem jeito, o poder seja ele qual for, transforma, fazendo desabrochar a vaidade, óvulo emocional que abriga a arrogância, deixando-a desenvolver-se livremente, não havendo meios que impeçam a eclosão de um ser humano sem empatia, assemelhando-se a um psicopata, que só acredita nos valores que satisfaz as suas necessidades de predador social.
O poder fascina e corrompe, levando o poderoso a crer estar no mesmo patamar de Deus, até mesmo, quando com a Bíblia na mão, usa a palavra divina para aprisionar através, da culpa e do medo.
Não há saída honrosa, neste labirinto perverso de mando e submissão.
Por que meu Deus, deste-me a capacidade de observar e pensar mais que a maioria, tirando de mim as garras afiadas dos tigres, a mordedura mortal dos jacarés, deixando-me frágil como as borboletas e amorosa como uma cadela fiel?
Assusto-me com o poder destrutivo e a incapacidade amorosa dos poderosos e de seus EUS, determinantes.
O poderoso não para a não ser, através da morte, ora bem-vinda.
E aí, como não lembrar de Castro Alves que ainda adolescente, por observar e pensar, desprovido das garras e das mordeduras fatais, desembainhou sua pena e com precisão registrou em versos, seus ais de dor e de amargura, tal qual, registro os meus.
"Presa nos elos de uma só cadeia,
A multidão faminta cambaleia,
E chora e dança ali!
Um de raiva delira, outro enlouquece,
Outro, que martírios embrutece,
Cantando, geme e ri!
No entanto o capitão manda a manobra,
E após fitando o céu que se desdobra,
Tão puro sobre o mar,
Diz do fumo entre os densos nevoeiros:
"Vibrai rijo o chicote, marinheiros!
Fazei-os mais dançar!..."
Navio Negreiro-Castro Alves.
A essência continua a mesma, infelizmente., afinal, em cada canto um capitão manda a manobra.
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