E aí, nesta madrugada acordei sem a costumeira serenidade, percebendo que esta sensação nos últimos tempos tem rondado a minha mente, talvez, como um sinal de alerta, o mesmo que me impediu de vir de Santa Catarina nas últimas eleições, para participar da concorrida eleitoral da Bahia que tanto amo, a favor de “ACM NETO.”
Naquele momento, travei uma luta de titãs entre a lealdade para com o meu grupo político e a minha convicção de que, meu universo de interesses de lutas era outro, não mais cabendo em minha vida, qualquer outro interesse, além da ampliação de meus conhecimentos vivenciais, com a finalidade de tão somente, informar aos demais.
Naquele momento, parecia ser loucura, covardia ou coisa que o valha, deixar de participar do que sempre me fascinou, mas por outro lado, a conscientização de que este fascínio, fora desgastado pelas sucessivas decepções, travava-me e então, no final, já exaurida, optei em permanecer fora do processo, convencendo-me da não necessidade de minha presença.
Havia em mim, pela primeira vez, de forma clara e nítida, a figura da dúvida quanto aos meus reais propósitos e a total falta de tesão em participar de algo, que não mais me emocionava.
E sem emoção, eu simplesmente não funciono.
Penso então, que até que quem sabe um dia, eu volte a me empolgar, mas agora, não consigo atrelar os meus propósitos, aos anseios e propósitos alheios, preferindo permanecer quieta em meu canto, tudo observando e fazendo o que mais gosto que é analisar os movimentos, apenas como uma cronista convicta do meu envolvimento visceral com a minha adorável Itaparica.
Eu gosto de gente e gente pra mim, não tem cor, ideologia, sexualidade, poder aquisitivo que as diferencie, quanto ao meu bem-querer.
Gente é gente que precisa sobreviver suas próprias tormentas e necessidades pessoais e tudo que eu verdadeiramente posso oferecer do melhor de mim é, justo, os meus entendimentos adquiridos não nas universidades, mas no caminhar árduo, porém exitoso de minhas próprias experiências vivenciais.
Se sou ou não popular, quantos atinjo ou atingirei com meus textos e livros ou o que deixo de ganhar em moedas e prestígio, não é o que me importa, aliás, nunca me importou, mas sim, o que acredito que seja o meu papel social.
Há muito entendi que meu tempo terreno, não poderia ser gasto em corridas incessantes, modismos afrontosos, conceitos dúbios, debates inúteis, interesses mil, sem que houvesse, maiores valores agregados que os justificassem.
De tanto amar e conviver com os pássaros, absolutamente livres, percebo que como eles, só me sinto inteira voando e que em cada voo, bico os meus alimentos, deixando cair pelo trajeto, parte das sementes no espaço aberto, sem qualquer preocupação com quem ou quantos, irão delas se alimentar.
O mundo, os conceitos e os valores estão mudando antes mesmo de uma próxima respirada que possamos dar, e por mais tentada que eu me mostre, frente ao frenesi que o processo político possa me apresentar, promovendo em mim, tentações muitas vezes irresistíveis, meu próprio bom senso, alerta-me, freia-me, direcionando-me ao meu próprio tempo e folego, não me deixando esquecer dos meus mais autênticos propósitos.
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