quarta-feira, 28 de dezembro de 2022

VIVENDO E MORRENDO NA PRAIA

Incrível e extraordinária é a capacidade de Alex Cruz em dissecar banda por banda um porco e depois, meticulosamente ir limpando as tripas, virando-as do avesso, raspando precisamente os detritos, muitos já putrificados, assim como sem qualquer pudor, ir expondo detalhadamente as vísceras, descrevendo-as para horror dos mais sensíveis, mas provocando orgasmos múltiplos em outros, geralmente, apreciadores dos filmes de suspense e terror.


Depois de rogar a Deus que ele jamais me foque, me lace e me disseque, ainda bem que ele gosta de mim, graças a Deus, analiso Itaparica e o Brasil como um todo e aí, amparada na larga e longa experiência vivencial, constato que esse destrinchamento sempre existiu em qualquer lugar ou tempo, provavelmente só variando na intensidade e explicitude, com a grande diferença é que, até não faz muito tempo, no mínimo fazia ruborizar o porco dissecado, todavia, o matadouro público, foi ficando tão rotineiro que se banalizou e hoje em dia, ganhou o status de valorização nas urnas, afinal, brasileiro comprovadamente pelo também absurdo, mas real complexo de submissão e ao mesmo tempo perpétuo adorador de símbolos, adora o esdrúxulo, fazendo dele seu modelo a seguir, pois, geralmente, os mesmos são bem sucedidos.

Alguém vê ou já viu, alguém perder tempo dissecando as qualidades de alguém, a não ser diante de seu defunto? 

As veemências só persistem no velório e nos dois minutos da saída do cemitério ou quando, diante de um noticiário uma nova notícia vem a seguir.

E aí, alguém muito descolado, tempos atrás, diante deste meu argumento, garantiu-me que o desgaste da dissecação contínua, seria mortal e apresentou algumas evidentes comprovações.

Eu, na minha sempre insignificante ignorância, principalmente na área política, calei-me, ponderar pra quê, frente a tão sábios conhecimentos?

Todavia, o meu argumento era sobre a sempre superação dos desgastes, justamente em relação a falta de qualificação denegrida do oponente que de tão fraca, temos recentes exemplos, precisou de quatro anos da omissão do congresso, do silêncio cumplice de um judiciário e até mesmo de uma estratégia incompreensível das forças armadas e de todas as instituições titulares do país, assim como das poderosas mídias que 24 horas por dia, fabricaram ou  exacerbaram deslizes de menino de escola em contraponto ao desprezível, alimentando a inveja de uma enorme e incapacitante deseducação cidadã de todos os níveis, principalmente ética e moral, que estimulou a cada um dos supostamente oprimidos a se ver na posição do vencedor, transferindo como compensação a sua sempre opressão, naquele no qual, é capaz de se espelhar por infinitas afinidades, crendo ingenuamente que o mesmo, oprimido de raiz, ainda preserva em si, a grandeza dos sobreviventes e que finalmente, o libertará.

Observem que minha premissa tem lógica se focarmos nos contumazes bandidos de colarinho branco, mesmo tendo a pele negra, que são sistematicamente eleitos e reeleitos, até que a morte os separe do poder político, não sem antes deixarem, pelo menos um filho, como herdeiro absoluto de suas falcatruas.

Portanto, meu caro Alex, inegavelmente uma mente inteligente e disposta, cuidado, pois de repente, você está dando com suas denúncias, absolutamente calçadas na veracidade dos fatos, preciosos votos ao porco em questão, assim como, tentando galhardamente elogiar figuras que na contravenção, não passarão de meias patacas, frente a um oponente tão inspirador.

Precisamos colocar a mão na consciência e entendermos de uma vez por todas que nosso complexo de vira-latas, jamais permitirá que o nosso país e a maioria esmagadora de nossas cidades, não se comportem como um sempre caranguejo, vivendo e morrendo na praia...

Só assim, quem sabe um dia, o varonil de nossa bandeira se apresente através de povo consciente de seus direitos e deveres.

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