Adoro acordar, andar pelo jardim e sentir a grama molhada pelo orvalho ou como vem ocorrendo nestes dias através da chuva leve que chamo de garoa, que pela noite a dentro, rega com sua vida, a própria vida.
O piso está coalhado de folhas secas caídas da mangueira, precisando ser varrido diariamente, como se outono fosse, o cheiro da vegetação úmida, faz saltar da terra os filhos pródigos dos infinitos aromas que, quando percebidos, adentram em mim como néctares e aí, penso que talvez, sejam esses nutrientes que os beija-flores buscam, afim de manterem-se leves plainando nos espaços, tal qual, me sinto.
Novamente fazendo analogias, por que afinal, sou descarada e imito o meu Jesus em sua caminhada de vida e liberdade sempre que posso, penso que depois dos meus amanheceres, pra que preciso de seja lá o que for, se tudo já possuo, neste meu pedacinho de paraíso que abusadamente chamo de meu.
Rebobino a fita de minha vida e revejo os muitos paraísos que pincei sem cerimônias, trazendo-os ao meu desfrute e quando não os tinha, por algum motivo alheio a minha necessidade, criava-os em minha mente, afim de não enlouquecer frente a brutalidade sistêmica que como uma déspota cruel, arranha, esfola e se eu permitisse, mataria o melhor de mim.
Parece outono, mas é verão...
Bom dia e que os bem-te-vis, os assanhaços e os ariscos Sabiás que ora sonorizam o meu todo de criatura humana, cheguem aos seus ouvidos, mesmo que por via mental possam lhes fazerem uma visita, fazendo saltar do interior da sua alma, os inebriantes aromas que com certeza, por lá estão ansiosos e prontos para simplesmente lhes libertarem, transformando você num apenas, beija-flor.
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