Hoje é véspera de um suposto nascimento de Jesus, mas como a data se firmou as necessidades e gostos da humanidade, cá estamos mais uma vez, nas correrias dos preparativos finais e habituais desta data tão importante do calendário religioso e consequentemente comercial.
Para quem pode menos, o frango, a maionese, a farofa, a gelatina multicolorida e a árvore estarão presentes na ceia da meia noite.
Todavia, haverão milhões de pessoas só aqui em nossa terrinha, que se não receberem uma cesta básica, o auxílio Brasil ou a generosidade de alguém, certamente, terão como ceia, talvez a graça de algum alimento, afinal, a fome e a miséria sempre estiveram presentes como pano esfarrapado de fundo de uma sempre vergonha nacional.
Nesta véspera da celebração do nascimento do símbolo maior do amor e da fraternidade, cá estou com a única bandeira que jamais deixei de hastear por toda a minha vida, que é justo, a bandeira do combate à fome, por considerar a fome um crime hediondo do qual, somos cumplices.
Nos meus escritos e discursos vida afora, a vergonha da fome, do abandono, sempre foram os temas principais, por considera-los a ignomínia da humanidade.
Peço desculpas por estar aqui nesta manhã de alegrias, lembrando do lado feio, mas que é visível a olho nu e que faz sangrar todas as intenções do senhor Jesus, razão maior da existência desta data e de tantas comemorações.
Creio que talvez, você ao ler mais este desabafo de um alguém que se sente impotente diante do imponderável, possa erradicar de sua mente a falácia de que nada pode fazer para combater esta chaga que faz doer e matar.
Sempre há o que se fazer, mesmo as ações que possam parecer insignificantes, afinal, não somos capazes de sozinhos corrigirmos as distorções existentes, mas sozinhos, somos capazes de fazer o bem a um alguém, acreditando que ao estendermos a mão e o coração para um único ser humano, estaremos ampliando nossas intenções amorosas à toda uma parte expressiva da humanidade, que sequer se reconhece como vida.
Neste instante, alimento a esperança que o ilustre sr. Zezinho Oliveira- Prefeito de Itaparica, coloque nas pautas de suas realizações para 2023, a criação de uma padaria e confeitaria escola, capaz de profissionalizar jovens, a criação de cooperativas comunitárias, assim como um restaurante popular que permita que famílias na condição de extrema vulnerabilidade, possam verdadeiramente receber uma só farta refeição a cada dia.
O que seria do mundo, se não existissem os tenazes sonhadores e humildes pedintes em prol dos seus semelhantes?
“Senhor, fazei de mim um instrumento de tua paz”...
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