sexta-feira, 30 de dezembro de 2022

REFLEXÃO DE FINAL DE ANO

Sinceramente enquanto jovem, o tempo não existia além das perspectivas a curto prazo, mais adiante, com o natural amadurecimento cronológico , mas principalmente em relação as constatações sistêmicas e é claro, no meu caso em especial, pela natural paixão pela vida, fui compreendendo que a postura de apenas observadora, não me bastava, afinal, eu precisava ir mais adiante, como se quisesse segurar o boi pelo chifre para então, olhar bem dentro de seus olhos, para no mínimo entender sua passividade, frente a sempre servidão.


Pois é... Usei minha mente, minha caneta, minha voz, minha presença, utilizei-me dos jornais, de uma rádio, de palanques e ainda hoje, uso as redes sociais como uma meio louca, meio filósofa, muito mulher para deixar escoar a mágoa de ver meu país, mas acima de tudo, o povo no qual estou inserida, perder-se em meio as infinitas corrupções que mais que atos criminosos, são contínuos atos de lesa-pátria, pois uma nação só se caracteriza por conta de sua população, sangue vivo circulando nas veias dos rios e mares, fazendo vibrar uma extensão de terra.
Confesso que seria mais cômodo permanecer cuidando de minha própria vida, alheia aos acontecimentos além da porta de minha casa, mantendo afinado meu sempre OH!!! De aparente surpresa, mas não posso...
Quando numa única semana, assisto Brasil afora, filas quilométricas de pessoas como eu e você que ora me lê, debaixo de sol e chuva para um apenas cadastramento para fazerem jus a uma esmola institucional, em quanto as mídia desfolham os horrores urbanos e suburbanos, impossível calar-me diante de todos os absurdos, seja em relação aos aumentos dos salários de uma casta pública, seja para os estrondosos gastos para a posse de um presidente, seja pelas festas monumentais de final de ano na maioria dos municípios, onde a pobreza faz morada perpétua, seja pela falta de hospitais e profissionais que faz morrer sem a devida regularização gente como eu e você.
Pois é...quando foi que perdemos o brio de cidadão, mas acima de tudo, quando perdemos o nosso senso humanitário e o respeito próprio?
Em que momento de nossas vidas, optamos pelo silêncio estimulador da ignominia pública, crendo que os nossos interesse particulares, deveriam calar a nossa dignidade de pessoa, cegando-nos frente à miséria, chaga crescente de nossa pátria?
Ouço e assisto as notícias televisivas e percebo que mais que ouvir as velhas notícias dos repórteres do cotidiano, atenho-me nas pessoas envolvidas em espetáculos dantesco que muito se assemelham aos tombadilhos dos navios negreiros, onde há sempre um capitão com chicote em riste, comandando a manobra, seja aqui, na minha linda Itaparica ou em qualquer outro local, onde o nobre e o justo, cederam lugar ao hediondo.
Então, como calar-me?
Como terminar brindando um final de ano de mentiras, engodos e vagabundagens institucionais, coloridas e revestidas do ouro falso dos tolos?
Como pensar em um ano novo, sem ter lágrimas nos olhos e na alma?
Como achar que está ou vai ficar tudo bem?

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