Apesar de não professar especificamente uma religião, fui a minha vida inteira uma admiradora fervorosa de Jesus, buscando seguir com devoção e ao pé da letra, tudo quanto, me foi inspirado ao ler incansavelmente o novo testamento, especificamente e supostamente relatado por Mateus, buscando atentamente o que me parecia condizente com a mente e alma de um ser absolutamente livre que compreendeu, observando os seus, os animais e a natureza em si, o que era divino na concepção da lógica das semelhanças, separando as intervenções do homem com sua sempre imensa capacidade criativa e manipuladora.
Todavia, sua maior descoberta foi a de encontrar e sentir Deus dentro de si, revelando-se equilibrado e amoroso, sempre o induzindo a buscar na vida e no tudo que nela existe, as verdades, as virtudes e a sabedoria, razões únicas para se usufruir de uma vida plena.
Meus mergulhos bíblicos sem qualquer pano de fundo fundamentalista, foi me revelando um Jesus, ser humano completo, capaz de deixar de si, transparecer o melhor e o pior, peneirando e deixando brilhar ao sol da vida, apenas, o melhor e se não bastasse, saiu numa missão de revelação de vida plena, pois, não lhe cabia tantas benditas descobertas e era preciso distribuir aos demais, todas as grandezas descobertas, apenas, observando, comparando e como já disse, peneirando, ficando o justo e o nobre que a filosofia aristotélica, apesar de ser baseada em um pensador pagão, designou de ética, já que Aristóteles teria vivido antes de Cristo, seria, segundo Tomás de Aquino, uma via racional que levaria a Deus.
Jesus compreendeu que a coerência existencial que já existia mais do que explicita na vida, seria a conduta única e insubstituível que espelharia a presença de Deus em qualquer ser humano e que era recorrente no tudo mais da natureza, onde não existia o certo e o errado criado pelo astuto homem, ficando como indicador avaliativo, tão somente, o adequado ou não e para tanto, cada ser humano precisaria enxergar-se como mais um elemento de fundamental importância na composição e manutenção da vida.
Dois milênios depois, cá estamos em plena semana santa, vivenciando destruição em massa uns dos outros, florestas e animais sendo destruídos, mares e rios sendo lixeiras de nossa ganância e ignorância sem controles, a hipocrisia sendo o mantra das convivências, totalmente acéfalos em relação a vida e, no tanto, que poderíamos estar convivendo no mínimo com respeito uns com os outros.
Infelizmente a cada década, aceleramos a Destruição do Deus, que dizemos venerar, justo, porque não fazemos dele um parceiro amigo, preferido sufocar e esmagar com a desconsideração e alijamento, todo aquele que mesmo, não ostentando a Bíblia, fale de amor em intenções, ações e reações.
E aí, me desculpem, mas a vida é o único Deus que reconheço e o meu Jesus, o único homem capaz de aceitar que o chamem de amigo, sabedor que o é, na grandeza e completude de seu próprio ser.
Regina Carvalho- 25.03.2024 Itaparica
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