Bendito sol na sua persistência em chegar até a mim, arrastando-se atrevido pelo piso da varanda, escalando a parede, desafiando o pesado telhado até me alcançar ainda, meio sonolenta no espaldar da janela e então, me abraça e ainda contando com a cumplicidade de um bem-te-vi, faz soar em meus ouvidos um caloroso bom dia, neste sábado de outono, presente da universalidade que previu que eu me levantaria saudosa, tal qual, havia me deitado.
Não se trata de tristeza, amargura ou depressão, é tão somente, saudade da presença, do cheiro e do toque, sempre constantes em minha vida.
Fixo meus olhos no sol, sinto-o em minha pele, respiro fundo e absorvo os aromas deste amanhecer e como ardilosa criatura, convenço-me sem também qualquer constrangimento que és tu, meu amor, que veio me consolar.
E como o fizestes em infinitas outras ocasiões, mima-me delicadamente, inspirando-me a poetizar sobre o belo e o imutável.
Regina Carvalho. 23.03.2024 Itaparica
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