terça-feira, 19 de março de 2024

E lá se foi...

Calor sufocante que faz escorrer o suor que brota incessante de meu corpo...

Gotas salgadas que como lágrimas se misturam às muitas das minhas decepções.

Desconsiderei o canto da cigarra visitante fora de época, que, optou por cantar até morrer nos canteiros de meu jardim, querendo como último de seus feitos, alertar-me da dor que se aproximava, da traição que se agigantava, mostrando-se solidaria à morte dos últimos dos cisnes da minha teimosa ingenuidade.

Não há mais quimeras que disfarcem o lixo

Não há mais poesia capaz de colorir

Não há mais flores cantadas e recitadas que perfumem

O chorume do real, do palpável, do tangível...

Onde encontrar ética, decência e dignidade?

E lá se vai com as marés de março, tudo quanto, cri ainda ser possível existir...

Regina Carvalho- 19.03.2024 Itaparica



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