Gente, hoje acordei pensando no tudo de bom que tive a sensibilidade de escolher para fazer parte de minha vida, sem aceitar interferência de ninguém e tão pouco, deixei-me enfraquecer ou desistir frente as naturais dificuldades que precisei enfrentar, quando, decidi por puro instinto libertário, escrever a minha própria história, principalmente e infelizmente, quando se é mulher e aí, fico pensando, naquelas que além do mais, são negras, num país com o histórico de baixo ou nenhum letramento, sem personalidade definida e repleto de espertinhos e safadinhos, que, antes de tudo, só pensam em si mesmos e em manterem as hipócritas tradições comportamentais, cedendo tão somente, quando os convém.
Paro um pouquinho, respiro fundo, sorrio e me sinto “foda,” sem qualquer constrangimento ou falsa modéstia.
Toda esta convicção matinal, provavelmente, advém do fato de que ontem à noite, enquanto, me banhava no chuveirão do quintal dos fundos, podia sorridente e grata, agradecer a Deus que me olhava e que se expressava em forma de brilhante e resplandecente luz, sobre mim.
Afinal, pensei; cheguei até aqui inteira, mesmo tendo ido muitas vezes para o tronco de diferentes pelourinhos, para onde são levados os resistentes a qualquer tipo de escravização.
E aí...Confesso que faria tudo outra vez, talvez, se pudesse, levando comigo parte da bagagem dos conhecimentos adquiridos e as vibrações dos infinitos gozos sentidos, afim de ser ainda mais revolucionária em meus propósitos.
Meus pezinhos balançavam nas águas geladas de meu riacho em Guapimirim, enquanto meus olhos, ouvidos e narinas, absorviam o tudo de absolutamente exclusivo e grandioso que me cercava e que me acompanhou vida afora, como selecionador preciso do que eu deveria imprimir em minhas emoções e sentimentos e novamente, nesta manhã de outono, lembro de minha Anna Paula, balançando também os seus pezinhos na borda da piscina da Pampulha, ainda bem pequenininha e que, assim como eu, jamais deixou que as dificuldades a impedisse e ir, ser e fazer tudo quanto desejava, mesmo que o tronco e as chibatadas forçassem uma desistência.
Criei uma mulher linda e maravilhosamente limpa e decente de alma e de posturas que não se vende, não se corrompe e é fiel a todo aquele que lhe preenche o coração de emoções solidárias.
Ambas apesar de precisarmos de tudo, não nos vendemos por absolutamente nada, muito menos, para o que brilha e seduz, afinal, não tememos comer o pão seco e nos regalamos enormemente com o filé, não é mesmo, minha neguinha?
Portanto, se eu morresse neste instante, iria tranquila, sem deixar ninguém me devendo absolutamente nada, afinal, se a minha liberdade me trouxe o chicote sempre pronto para me fazer ajoelhar, o universo parceiro que sinto e reconheço como o meu Deus, sempre me enviou as estrelas em forma de pessoas e os pássaros e as borboletas, para que eu pudesse voar.
Bom demais da conta, sô...
Regina Carvalho 22. 03. 2024 Itaparica
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