Pela milésima vez estou me deliciando neste domingo de Ramos com as composições e regência de belíssimas músicas de composição de Burt Bacharach, mas acima de tudo, prestando atenção neste homem que na época deste concerto já estava próximo aos 90 anos, mas que com a leveza de um jovem entusiasmando com sua própria criação, acompanhava cantando ou apenas mimicando seus fantásticos acordes e eu, absolutamente encantada, aqui em meu pedacinho de paraíso, permaneço me embebedando destas maravilhas que me remetem a outros mundos, outras esferas existenciais, provavelmente, tal como ele, onde o ideal desejado, certamente se encontra e onde por lá, podemos estar bem pertinho do melhor de nós mesmos.
Neste domingo, acordei preguiçosa ou será que apenas, quebrei a rotina afim de engambelar, nem que seja, a realidade que por ser tangível, às vezes, pede socorro, querendo mais, muito mais.?.
Não tenho certeza, talvez...
A única certeza que tenho é que determinadas músicas que minha sensibilidade é capaz de selecionar, possui o gigantismo da potencialidade em se transformarem em fortes e resistentes asas, capazes de me levar para qualquer lugar que me faça sorrir, mesmo que tenham a aparência de frágeis borboletas, enquanto, minha alma se expressa incansavelmente neste dia monótono e solitário.
Jamais escondi ou camuflei o fato de sempre ter detestado os domingos, fazendo da música e de meus voos, minhas válvulas de escape.
E aí...Uso a minha varinha mágica e faço com que o tudo mais permaneça congelado, abrindo espaço para a realização das minhas fantasias que a priori, não fazem mal a ninguém e só me tornam por instantes ou horas, a criatura mais feliz deste mundo, onde, este tudo mais que sem culpas congelei, não poderá penetrar e coibir a absorção do tudo de bom que existe nesta vida, que afinal, é bonita e é bonita...
Regina Carvalho 24.03.2024
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