sábado, 1 de abril de 2023

REBOCOS DESALINHADOS...

Depois de buscar algumas músicas variadas em seus temas e ritmos, concluí que nenhuma se coadunava com o meu estado emocional deste amanhecer, então, recorri ao meu velho parceiro Chopin, sempre a disposição para compor os meus sentimentos e adaptá-los a minha mente que particularmente se encontra serena, mas também apática, talvez, cansada da euforia dos últimos tempos e que na noite de ontem, fez-me inclusive dançar diante do espelho, onde pude observar uma senhora sorrindo sem qualquer aparente motivo, além de ter sobrevivido aos ventos e tempestades e ainda sendo capaz de produzir e amar.


Penso neste momento que as pessoas que me leem, podem deduzir que ou sempre fui uma privilegiada ou que minhas escritas são motivacionais por uma questão de estilo, num resumo dedutivo simplório que jamais foi real, afinal, dos 22 livros escritos e milhares de textos soltos, alguns, mostram os tormentos de uma mente ora confusa, ora magoada, ora desesperada, buscando através dos escritos, saídas satisfatórias ou escapes libertadores.

A minha, como a vida de qualquer pessoa é tão somente uma construção interminável, dividida em etapas que nem sempre, apresentam os resultados esperados, frente aos custos, mas principalmente, quanto ao original traçado no planejamento da arquitetura, restando como consolo, a base estrutural, capaz de suportar os deslizes de uma mão de obra, nem sempre com a devida qualidade.

E aí, penso que nem sempre fui um pedreiro atento a minha própria construção, distraindo-me com variantes estéticas e deixando de me ater a original planta, tão bem elaborada e como resultado, muitas foram as vezes em que precisei raspar o reboco mal assentado, voltando com muitos esforços a nivelar a mim mesma, num desperdício de tempo e de recursos impensável a um fiel construtor que hoje me sinto.

Chopin neste instante, insistente na modulação de seus acordes, subindo e descendo nas notas e dedilhando-se harmoniosamente, mostra-me que o que estou sentindo é absolutamente natural, afinal, o que será viver, se não, ir modulando os aprendizados dos muitos erros e acertos das experiências cotidianas a uma composição existencial, onde o resultado pode ser de sorrisos frente ao espelho, assim como uma bela sinfonia, dedilhada por um apenas virtuoso pianista, depois, de dias intermináveis de aperfeiçoamento.

Um corpo, uma mente e infinitas emoções, como é possível a um único racional, coordenar tanta complexidade sem contínuas tentativas, onde inevitavelmente, hajam erros e acertos?

BOM DIA!!!

Pra você que me lê, um sábado de paciência e coragem para refazer seu próprio reboco, afinal, ser feliz é a meta, o tudo mais são os balangandãs que nem sempre precisam estar disfarçando os defeitos da estética de sua vida.

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