quinta-feira, 15 de julho de 2021

SERENIDADE

O dia está amanhecendo nesta minha apaixonante Itaparica e  entre os sons dos pássaros e o perfume das mangas rosas de minha robusta mangueira, olho para o horizonte já azulado e exibindo lindos filetes dourados de um sol preguiçoso que vem chegando devagar, silenciosamente me encantando.



É como o amor que em minha vida, jamais deixou de silenciosamente inundar os meus instantes de vida, me deixando enxergar a cada milionésimo de segundo, o melhor que minha alma era capaz de perceber.

Um amor comum na ansiosa e brilhante expressão de sorrisos fáceis, brilho de olhos e peles, mas absolutamente tranquilo na sua aplicação, como um abraço amigo ou um rio de águas mansas, oferecendo sempre espaço para que a paz se estabeleça 

e então, como é possível esta conjugação absolutamente contrária? 

Como transformar toda uma alteração que se expressa agitando a corrente sanguínea, acelerando o coração e criando arrepios, se adequar ao toque continuamente suave das vibrações do tão somente, doar e receber, como a natureza no seu ininterrupto movimento de vida e liberdade, produzindo a bendita serenidade a um apenas olhar de qualquer pessoa?

Essa dualidade, talvez, seja o ideal da capacidade sensitiva da criatura humana para poder se sentir plenamente integrado a um todo gigantescamente poderoso que a abriga, fazendo dela, poeta.

Texto extraído do livro " Percebendo a vida" 2020/21

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