"Antes te houvessem roto na batalha, Que servires a um povo de mortalha!”...( Navio Negreiro) Castro Alves.
Estes versos me impressionaram, quando, com 9 nove anos de idade, estudante da terceira série primária, decorei grande parte deste poema para apresentar na escola municipal Henrique Dodssworth em Ipanema no Rio de Janeiro, onde estudava.
Vejam que este fato, ocorreu há cerca de sessenta anos e era possível a uma menininha de fitas nos cabelos e sapatinhos de verniz, primeiro, saber ler o que hoje, infelizmente é quase impossível de se constatar até mesmo, nas universidades e depois, ser capaz de decorar e interpretar e se não bastassem, ainda se impressionar com frases que me pareceram impactantes, mesmo, não tendo a devida compreensão da extensão de seu simbolismo, mas que ficou gravado na mente.
E aí penso, o que houve com a nossa educação?
Por quê, deixou-se enfraquecer o pilar do desenvolvimento humano, destruindo-se o cerne do raciocínio lógico?
Deus, onde te encontras, que os mestres e doutores da Educação do meu país, não te enxergam, no resguardo do seu mais poderoso pilar?
Não há uma mortalha mais poderosa que a falta da devida qualidade na educação formal, que abre as portas mentais para novas e surpreendentes visões de mundo.
Tantas são as teorias desenvolvidas nos cursos de mestrados e doutorados do seguimento educacional, mas sem maiores aplicabilidades na prática que pudessem verdadeiramente, contribuir para a estruturação sólida na formação intelectual de nossas crianças, levando-as a sentirem suas próprias raízes e o senso de preservação da continuidade da qualidade em aprender para deste, moldar-se no caminhar pessoal e profissional.
Vivemos uma era do “faz de conta” que se esgueira silenciosamente, repletos de cores, sons e falácias nas mentes de educadores e educandos, enganando a ambos com o rasteiro do quase tudo, transformando qualquer meia boca em celebridade e o que é ainda pior, em autoridades que, com as pás pesadas de seus desconhecimentos ou espertezas, enterram sem piedade o ensino fundamental, já que um povo sem letramento e sempre mais fácil de se conduzir aos seus próprios interesses de poder, ganâncias e glórias.
“São os filhos do deserto, onde a terra esposa a luz, onde vive em campo aberto a tribo dos homens nus... São os guerreiros ousados, que com os tigres mosqueados, combatem na solidão. Ontem simples, fortes, bravos. Hoje míseros escravos, sem luz, sem ar, sem razão”. . .
“Senhor Deus dos desgraçados! Dizei-me vós, Senhor Deus! Se é loucura... se é verdade tanto horror perante os céus”?!
E pensar que tal obra foi escrita por Castro Alves com apenas 15 anos, numa época de tão poucos recursos de todas as naturezas, a exemplo de grandes outras figuras, que tiveram como mestres, doutores da solidez de um sério aprendizado.
Precisamos refletir sobre o que deixamos adentar em nossas mentes, que insistentemente, nos mina, tirando a lógica do comparativo da qualidade de todos os níveis, remetendo-nos a um infindável campo contaminado pelo tão somente, lixo dos falsos valores de um sistema falido que só despertam em nossas crianças, tédio e fastio em sala de aula e fora dela.
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