Não sei vocês aí, mas aqui, na minha rocinha de Ponta de Areia, o friozinho está brabo, fazendo-me lembrar dos amanheceres de inverno na minha inesquecível Minas Gerais, aonde sair da cama para uma friorenta como eu, era um exercício contínuo de coragem, só estimulado pelos arrepios, que confesso, sempre gostei de sentir percorrendo o meu corpo.
Penso então, que na companhia dos leves arrepios e já estando diante do computador, devo atender a minha apressada mente, que insiste em que eu comece logo a escrever sobre um tema, meio que esquecido nos dias atuais, que é justo, “empatia” que é a capacidade de compreender, seja o outro ou alguma coisa.
Geralmente, a falta desta faculdade psíquica em se projetar no outro, começa em si mesmo, quando, em dado momento, a criatura deixa de prestar atenção nos sinais que seus sentidos sempre em alerta, insistentemente lhes enviam à mente, dizendo-lhe que algo não está como deveria e ainda assim, levianamente, a criatura continua desconsiderando em favor de outras sensações ou impulsos, que lhe parecem mais impactantes.
Olhando por este ângulo comum de ser constatado, fica mais plausível entender-se o porquê das relações humanas, terem sido sempre conflituosas ou no mínimo tênues. Afinal, se não me reconheço, como esperar que eu possa reconhecer o outro, se para que haja real empatia, torna-se necessário, que eu seja capaz de me reconhecer no outro?
Complicado se pensarmos nos infinitos mínimos detalhes sobre os “quereres”, que deixamos adentrar sorrateiramente em nós, levando-nos a uma estúpida distorção de valores, onde coisas avaliadas como necessárias, vão ocupando o espaço da lógica da real sensação empiricamente possível de ser vivenciada, através da bendita liberdade de ser e de se sentir parte fundamental deste fenômeno, cada vez menos misterioso, mas sempre absurdamente fantástica que é a vida, na qual, sequer somos capazes de pensar em meio aos grilhões que nos impingimos, numa contínua competição com o tudo mais.
E aí, pensando nesta complexa artimanha mental em que os sistemas sociais e a ignorância existencial nos conduz, penso nas delícias que a mais pura empatia é capaz de despertar, conduzindo a emoções, que são produzidas por sensações irretocáveis que são possíveis de serem sentidas, através de um olhar terno, um aconchegante abraço , um estender de intenções amorosas, um escutar paciente, uma avaliação objetiva, um sexo afetuoso, um beijo doce e amigo, mesmo em meio a uma explosiva paixão, com certeza, faz toda a diferença no bem-estar que causa, nas vibrações complementares que produz.
Sinto que a humanidade ainda tem muito que aprender em relação a si e ao brinde inestimável de estar vivendo.
Então, não se surpreendam quando alguém, diz ter prazer de estar consigo mesmo, num colóquio afetuoso, exercitando o simples, mais poderoso , exercício de empatizar-se( ato amoroso de simpatizar consigo), abrindo espaço na própria mente, para o reconhecimento do tudo mais, sem as costumeiras traves que justificamos de mil maneiras, mas que na realidade representam apenas, o medo de tão somente, sermos nós, na nossa mais autêntica originalidade, que geralmente é capaz de encantar, seja lá quem for, atraindo como milagre ou mágica, o que necessitamos ou desejamos.
Simples assim...
Que nesta segunda-feira, possamos abrir espaço na nossa complicada agenda de afazeres, olhando para nós, numa amiga e poderosa empatia pessoal.
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