Depois de amanhecer escrevendo sobre minha pátria e em seguida sobre minha cidade que, achei melhor não publicar, pois nesta sexta-feira, opto em não chover no molhado, ouço os talentos de Dominguinhos e Yamandú Costa, num belíssimo concerto de gigantes e minha mente voa para onde eu mais gosto de ficar que é justo, junto a natureza e então, viro a cabeça e aprecio um pouquinho dela em meu pequeno jardim, aonde posso admirar meus parceiros cotidianos, nestas viagens de vida e liberdade.
Meu coração se enternece, fazendo-me esquecer por algum tempo das mazelas que me rodeiam e que, na realidade, fazem parte da vida de todos nós, estejamos em qualquer lugar da pirâmide social.
E aí, numa clareza crua de pensadora, levo em consideração que não haverá jamais dentre a criação de Deus, um bicho mais complexo que o humano com suas insistentes e nem sempre lógicas posições e pensamentos, complicando o incomplicável, como se sobreviver nesta selva social, já não fosse um problemão grande o suficiente para desnortear grande parte dos mesmos, levando-os a depressões, ansiedades, suicídios, assassinatos e desencontros constantes de todas as naturezas, onde, certamente seu físico é o mais afetado, muitas vezes, murchando-se precocemente.
Qual a dificuldade em aceitar-se, tal qual a sua natureza, assim como aos demais?
Qual é a dificuldade em blindar a mente para as inevitáveis agressões que advém deste mundo confuso e degenerado, simplesmente desconsiderando o que de verdade, sozinhos não conseguiremos combater, se não, ignorando e assim, não dando espaço e luz que é a nossa atenção?
Qual o impedimento em darmos instantes e até horas e dias de reflexão, sobre um problema que surge de um momento para o outro em nossas vidas?
Por que havemos de ter que ser imediatistas e como se estivéssemos numa competição, medirmos segundos com o outro, para ver quem é mais astuto, violento ou capaz de fazer brotar mais rapidamente argumentos, nem sempre amigáveis de convencimento?
Vaidade, senhora mãe da arrogância, estimuladora das desavenças oriundas de motivações absolutamente banais, ambição, irmã gêmea da ganância, impulsionadora das ações posturais mais ignóbeis que se possa imaginar, medo, senhora dominadora destes e de todos os demais sentimentos que como afluentes destes sentimentos corrosivos, faz com que esgueirem como serpentes silenciosas e altamente danosas nas mentes de cada criatura que não seja capaz de perceber o quanto é importante a sua serenidade no exercício cotidiano do apenas viver, transformando cada respirada, num vácuo por onde adentram os males do mundo, porque, afinal, somos uma unidade deste mundo, cabendo a cada um de nós, o equilíbrio, a razão e o amor na condução do mesmo, inspirando e reverberando o melhor que formos capazes em aperfeiçoar nesta caminhada existencial.
Caso contrário, porque estaríamos por aqui, se viver toda esta potencialidade com certeza precisa ser bem mais que as triviais atividades de sobrevivência física, oferecendo nossas emoções e consequentes sentimentos como retribuição ao simples fato de estarmos vivendo e, portanto, a cada amanhecer, escrever ou alterar o histórico de nossas frágeis e vulneráveis vidas.
“Esse texto me foi inspirado pela amiga paulista Livia de Campos Benedicto, participante ativa das minhas viagens mentais” que textualizo e repasso amorosamente aos meus amigos, a quem agradeço o carinho que me é dispensado.
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