Aí, um movimento em falso, um encostar sem querer na tecla errada e lá se foi o texto que há horas eu dedilhava, também num mergulho profundo em minha alma de escrevinhadora do universo.
Começar tudo de novo é o que faço agora, numa tenacidade e disciplina que só filósofos e artistas são capazes de ter, na busca incessante da perfeição, afinal, o que adiantaria uma obra medíocre sem um só texto que a ela pertença e onde a delícia da própria vontade em não serem vencidos pelo cansaço ou desanimo, seja o estímulo na busca da grandeza de suas obras.
Então, penso novamente em Jesus e em sua caminhada rumo a Jerusalém...
Não havia como retroceder e muito menos se esconder desistindo em continuar a sua caminhada, era preciso seguir, deixando em cada passada parte fundamental de seu tesouro de emoções e sentimentos amorosos, nas mentes e nas almas de seus mais próximos seguidores, confiante que era na força de suas intenções.
Como todo visionário, certamente Jesus cria que um dia, seus esforços em prol de seus propósitos seriam assimilados.
Quando penso em Jesus, o faço a cada instante em que sinto que respiro e que, através deste ar bendito, recarrego-me de vida, deixando os sorrisos fáceis brotarem em meu semblante de apenas uma criatura humana, tentando escrever uma obra que, quem sabe um dia possa vir a inspirar crianças a crescerem com um sentido maior de pertencimento de si e a vida, melhorando substancialmente, a qualidade de suas próprias vidas.
A capacidade de criação seja lá do que for, jamais deixará de ser uma “delícia” dentre tantas, possíveis de serem identificadas.
A criação universal que chamamos de Deus, nos fez uma máquina perfeita, uma ciência exata, esperando tão somente, que nos tornássemos ourives de nós mesmos, polindo, cortando arestas, formatando modelos exclusivos e deliciosos de vida e liberdade.
Daí a minha paixão por gente e suas complexas emoções, realçando-se algumas em especial, que ao longo da vida fui comparando suas texturas, seus aromas e seus sabores com as delícias da natureza que me dão água na boca, frescor no coração, alegria redobrada de viver, só em pensar nelas.
Trecho extraído do livro" Percebendo a Vida"- Regina Carvalho
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