Estou aqui ouvindo o meu sempre parceiro Jazz ao som de um delicioso saxofone e pensando que sempre fui uma pessoa muito esquisita, refeição para raros talheres, porque afinal, mesmo jamais tendo sido diagnosticada como bipolar, sou osso duro de roer, já que em um só dia, desdobro-me em mil personagens, cada qual, com vontade própria e absolutamente estabelecido em minha personalidade, portanto, conviver com estas alternâncias, realmente é uma tarefa somente para os fortes ou os muito esquisitos como eu.
Começa no acordar, afinal, a madrugada é o meu mais radioso despertar e em cada uma delas, acordo a mil por hora e o anoitecer é o meu aconchego predileto e nesse meio tempo, sou e faço tantas atividades, muitas vezes, sem sequer sair de casa ou me movimentar, pois a minha mente elétrica se encarrega da dinâmica, fazendo de meus dedos fiéis servidores.
Acompanhar o meu ritmo não é nada fácil, digamos que sou uma atleta da mente que a dividiu em setores bem distintos e deles, cuida com rigor e critérios bem estabelecidos com a consciência de que um depende do outro para que o todo funcione sem rachaduras.
Leio, componho, estudo, pesquiso, canto, recito, cozinho, penso e elaboro inúteis planos para a cidade, como se me fosse possível alterar algum dos seus mais dolorosos aspectos, mesmo reconhecendo que nada sou ou farei, gosto de pensar que é possível e então, busco alternativas e as realizo. Em minha mente, minha Itaparica, não tem esgoto a céu aberto, lixos pelas esquinas, lamas buracos e matos, isso sem falar no povo que encontra os remédios que necessita e é atendido como um real senhor da cidade.
Nas escolas, nossas crianças e adolescentes encontram médicos e dentistas, alimentação de qualidade, professores qualificados e bem remunerados e nos postos de saúde, existe sempre um médico atuante e comprometido e pelas vias é possível encontrar-se transporte para um ir e vir sem tantas esperas e desgastes variados.
Na minha Itaparica mental, o povo está feliz, por ser bem cuidado, despertando seu mais básico desejo em progredir, num burilamento constante de sua autoestima
Na Itaparica de minhas idealizações, tudo flui sem burocracias inúteis e mesmices viciadas.
Mas além disso, em minha mente, idealizo um mundo melhor, onde a hipocrisia não faz morada e a violência é apenas pontual, porque é sabido que o ser humano, nem sempre evolui de seu estado selvagem.
Bipolar, esquizofrênica ou tão somente uma sonhadora, repleta de ideias e ideais que ama a vida e tudo que é capaz de respirar de uma forma absurdamente apaixonante?
Sei lá...
Tudo que sei é que mesmo que minhas raízes estejam presas em terras firmes, sou uma coisinha estranha, pois, minha mente sempre foi livre e isto é sério e até perigoso para alguns.
Tudo que sei é que quando gosto, quero e cuido, nem que seja apenas na imaginação, pois na realidade, entendo que estou a anos luz de ser compreendida, neste mundo do “faz de conta” e do me “engana que eu gosto”.
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