Lá fora o céu ainda está escuro, olho atenta, mas não encontro com a limitação dos meus olhos, uma estrela sequer...
Serão meus míopes olhos ou já se recolheram, deixando-me com uma pontinha de frustração.
Pensei.
logo hoje, que delas me lembrei...
Dou-me conta de que há muito não as vejo, talvez, induzida pelos amanheceres que me fascinam.
Os recomeços sempre aguçam minha sagaz curiosidade em desvendar o mistério que um novo dia traz atrelado a si, mesmo que de pronto, eu até creia que nada será diferente ao de ontem, surpreendendo-me com as sutis e quase imperceptíveis diferenças se, distraída eu não estiver.
Impossível, nunca me permito distrações nos amanheceres, afinal, deles dependo como determinante a qualidade.
Tão atenta permaneço esperando os amanheceres, que me empolgo, usufruindo visceralmente com suas novidades que, esqueço-me que em dado momento, ele partirá, deixando estrelas cintilantes como consolo de luz e paz.
Volto a olhar para o céu infinito que se descortina sobre mim, numa busca teimosa e vã de por sorte, enxergar uma estrelinha retardatária...
Qual nada...
O canto do pássaro que como eu, madruga, me faz lembrar que o dia já amanheceu, mesmo, ainda estando o céu escuro.
Respiro fundo, sorvendo mais este surpreendente perfume que a alquimia da vida, doce e generosa, preparou e como sou abusada, creio ter sido exclusivamente pra mim.
Penso...
E por que não seria, se apaixonada e fiel permaneço a espera-lo?
Se não vejo e não entrego a vida através das estrelas, com certeza, a possuo integral e amorosamente, através dos seus benditos amanheceres.
Bom dia, dividindo com você que me lê, o beijo suave da brisa deste novo amanhecer.
Regina Carvalho-18.3.2025 Itaparica
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