domingo, 2 de março de 2025

CARIOCA ESQUISITA...

Neste domingo de carnaval, acordei confesso, um pouco enfarada com as músicas carnavalescas que associadas as imagens das aglomerações humanas, onde o rala e rola nas avenidas de grande parte do país, não me deixam esquecer o quanto, definitivamente não aprecio qualquer tipo de multidão, como as temo. 

Irracional ?

Provavelmente, afinal, que eu me lembre, jamais passei algum tipo de perrengue que justificasse essa sensação que reforça meu sempre arredio comportamento em relação ao carnaval ou a qualquer evento onde exista um sem número de pessoas e a possibilidade do espreme e puxa.


Portanto, opto neste instante em esperar o dia amanhecer e com ele a chegada dos pássaros, ouvindo uma seleção musical clássica que, afinal, não só gosto, como me prepara emocionalmente para mais um dia de com certeza, variadas emoções.

Penso que sou uma carioca muito esquisita que, de minha cultura Fluminense, herdei a irreverência em relação ao quase tudo, o gosto pela música, a apreciação do belo, mas acima de tudo, uma necessidade absurda em me sentir livre, sem amarras ou imposições que não estejam atreladas a um imenso amor, o que fez de mim a vida inteira, uma fiel e tradicional conservadora, mas que apesar de sê-lo, curiosamente aceita o diferente e se necessário, o acolhe sem perguntas ou críticas, desde que perceba que há uma troca de vibrações capaz de ampliar o valor de qualquer que seja o ponto em comum, afinal, de tanto conviver observado e registrando com a empatia necessária, afim de um razoável entendimento, fui compreendendo que de um jeito ou de outro, todos os seres humanos com raríssimas exceções, possuem algo que se assemelha e que possa senão uni-los na afinidade, pelo menos na harmonia da convivência, o que me transformou em uma pessoa, digamos, capaz de tolerar mais que a maioria, absolutamente consciente.

Meu Roberto dizia que eu, gostava de pagar pra ver e ele, tinha razão, afinal, sempre me foi fascinante a capacidade humana, quando, os “limites” não estão nas suas prioridades.

Na realidade, esta digamos, “mania” aperfeiçoou minha capacidade amorosa, perseverança, força e resiliência, exatamente com os “sem noção”, fosse no que fosse, num curso continuado de conivência.

Neste momento em que o dia amanhece nublado, garantindo a presença da chuva em algum momento, agradeço a vida e aos meus diferentes e alguns absolutamente contrários, por terem me fortalecido sem medidas, permitindo-me curtir com a mais genuína alegria de simplesmente existir, ainda mais, nesta adorável Itaparica, tão diferente de tudo que me forjou e ao mesmo tempo, repleta de afinidades...

Regina Carvalho- 02.3.2025 Itaparica

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