Ainda me lembro, apesar delas, já terem partido fazem décadas, do meu prazer em vê-las cozinhando à beira de um fogão a gás ou de lenha, sentadinhas num tamborete qualquer, picando legumes.
Imagem que nas devidas épocas de suas participações diretas em minha vida, trouxeram-me, cada qual, referências sedutoras, instigando-me a copiá-las, pois, suas presenças brilhavam como puros diamantes, diante de meus olhos e alma.
Talvez, por esta razão, os alimentos e suas preparações, assumiram um papel fundamental não só na minha formação de pessoa, como no decorrer da vida, como mola inspiradora contra a maldita fome.
Afinal, alguém bem alimentado está duplamente saciado das mais duras carências, já que é impossível sentir-se digno e respeitado, sem o bendito alimento.
Por outro lado, uma mesa farta seja de caros ou humildes alimentos é sempre um balsamo que aguça a admiração e a paz, assim, é claro, o apetite.
Uma amorosa cozinheira(o), é capaz de transformar tudo que lhe chega as mãos em saboroso, cheiroso, colorido, tornando o alimento in natura em excepcional iguaria e se neste manuseio, houverem pitadas amorosas de dedicação exclusiva, aí, meu Deus... A magia se completa.
Dedico este texto para Hilda de Carvalho(mãe) e Zizita Leopoldino(sogra), mulheres, responsáveis por manterem-me vida a fora estimulada e feliz, preparando, servindo e degustando com um prazer inenarrável, mas acima de tudo, com o senso apuradíssimo do valor de cada alimento, como riqueza insubstituível, quanto a manutenção do mais autêntico senso agregador da união de valores, capazes de estruturarem pessoas a seguirem seus caminhos, mais felizes e consequentemente, humanas.
Afinal, não há qualquer outro bem que seja capaz de representar referências amorosas e real bem-estar, estimuladores do tudo de bom, cuja falta, desagrega, violenta e mata.
Dai-lhes vós mesmos de comer (Mateus 14- 16)
Portanto, para cada político corrupto que aplaudimos, neste nosso Brasil rico e farto, centenas de milhares de famílias passam fome...
Fome, violência e morte se complementam.
Até quando, meu Deus?
Regina Carvalho-24.3.2025 Itaparica
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