sábado, 8 de março de 2025

PIPAS COLORIDAS

Antes mesmo de encontrar a lógica em sala de aula, já a procurava e confesso, nem sempre fui capaz de encontrá-la nas atitudes humanas.

A surrealidade sempre esteve presente em minhas constatações desde a infância, fazendo de mim, ora uma questionadora, ora uma observadora que buscava na natureza, respostas para os meus espantos sistêmicos, afinal, quase nada se encaixava como as luvas de pelica que as mulheres ao meu redor de minha geração ainda usavam, mas que logo abandonaram, assim, como todo  o restante dos detalhes que as tornavam elegantes e adequadas a cada ambiente, não demorando muito, para que a “descontração” sem limites, tomasse posse das ruas e avenidas, das praias e das piscinas, das festas e dos lares, migrando para os modos e tratos com os demais, estimulados por mídias contemporâneas que ditavam as “modas sem modos” dos momentos.


Portanto, nada aconteceu de repente e sim, através de um processo de renovação que sempre me pareceu sem coerência entre o desejado e o conseguido, afinal, nesta corrida cotidiana pela sobrevivência e o estímulo ao acompanhamento das novas modas e costumes, mal houve tempo para o pensar, até porque, este bendito estímulo que recebi no lar e na escola, foi sendo suprimido das prioridades pessoais e aí, os sem modos, a cada década foram ganhando espaço e se popularizando.

Esse é um tema que me rendeu a escrita de infinitas páginas que passei a registrar desde os meus quatorze anos, jamais me faltando assuntos e argumentos, o que para mim, resulta num estrondoso fracasso, pois, também jamais consegui enxergar uma luz no fim deste túnel que se mostra cada vez mais escuro em matéria de controvérsias entre o que se quer, se discursa e, efetivamente se realiza, ficando apenas as datas oficiais comemorativas, seja lado do que for, como Pipas Coloridas que logo se perdem no horizonte massificado dos certos e errados de cada ocasião.

E olha, que sou otimista...

Regina Carvalho- 8.3.2025 Itaparica

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