domingo, 16 de março de 2025

ANTIGO, CAFONA, FORA DE MODA

E assim, vamos vivendo e jogando no lixo tudo que fazia sentido nas relações, inclusive as contradições, na crença provavelmente ingênua de estarmos criando uma nova era de justiças e resgates.

Será que este é o caminho ou melhor, seria ir aparando as arestas das tradições injustas e muitas vezes cruel com tesouras afiadas nos esmeris do respeito, sentimento capaz de abrigar todos os conhecimentos necessários, afim de que os jardins das convivências pudessem ostentar alamedas bem cuidadas e repetidamente aparadas em seus crescimentos desordenados, extraindo-se cautelosamente as ervas daninhas, sem macular o belo e viçoso ao seu redor?


Nesta manhã, como em tantas outras, recebi lindas mensagens amorosas que me engrandecem de gente amiga que ainda acha tempo em meio aos seus múltiplos afazeres para desejar-me um bom dia.

Também recebi um vídeo dos 15 anos da filha de um deputado da terra que com ela, orgulhosamente, dançava uma valsa sob o olhar estarrecido dos presentes no salão, cuidadosamente preparado para o evento, raro de se ver nos dias atuais, por serem considerados fora de moda e até mesmo cafona, na infeliz crença de que celebrar a vida, a família e a felicidade, não mais encontrasse lugar nesta sociedade violenta e sem qualquer referência agregadora de sentimentos, afora as desforras, a ostentação, assim como uma contínua competição, sem método e ética.

E aí, penso na mensagem musicada que postei acompanhada do poema AMAR de Drummond, que me remeteu a um passado recente, onde as pessoas mandavam mensagens para as outras, demonstrando seus carinhosos sentimentos e que foram extirpadas das cidades como se fossem gosmas pegajosas.

Diziam (alguns), sentirem vergonha ao recebê-las!!!

Vergonha por serem lembradas, queridas, amadas e até mesmo, bajuladas?

Será que receber as balas perdidas, as agressividades banais, o contante medo de tudo, a aparente liberdade, tem valido a troca?

Sentirão vergonha por serem agredidos à luz do sol em uma calçada qualquer?

Ou quem sabe, uma lei qualquer, seja capaz de compensar a vergonha ao constatar-se ainda exposto a tudo quanto, pensava estar sendo conquistado, afinal, o “me engana que eu gosto”, não fazia parte do desejado sonho de liberdade.

Lembro então, quando tudo começou a mudar a partir de mim, quando, birrei e não aceitei uma festa de quinze anos, por acha-la já naquela época cafona, afinal, meninas da classe média da zona sul carioca, optavam por viagens, joias...Portanto, bailinhos com valsas e príncipes eram próprias para as meninas dos subúrbios cariocas...

Mal sabia que ali, determinei o marco de muitos equívocos que optaria em vivenciar na minha vida...

Que pena...

Quanto tempo jogado fora...

Quantas emoções não sentidas...

Quantas porradas precisei tomar para finalmente, ir jogando por terra o que nunca me pertenceu, tão somente, para deixar a minha essência amorosa, determinar minhas escolhas...

Regina Carvalho- 16.3.2025 Itaparica

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