quinta-feira, 27 de março de 2025

LEGADOS, QUAIS? -Refletindo-

Existem momentos em que ouço discursos que me remetem a uma figura de linguagem triste e deprimente; “jogada as baratas”.

Esta é uma visão rasa e portanto, superficial que alguns podem ter de um tudo realizado por alguém, afinal, ano após ano, o tudo descoberto e praticado, tem sido jogado por terra e chamado de ultrapassado, levando-me a um esforço  contínuo de compreensão em relação a vaidade humana, correndo sempre o risco de ser taxada de “já era”, pelos sempre presentes modernistas neste ou naquele aspecto, desqualificando-se integralmente, tudo quanto de esforço e dedicação foi empregado na busca das concretas  realizações, assim, como a credibilidade adquirida que ao contrário dos estrelismos, permanece comprovadamente solida, independente das chuvas e tempestades.


Penso, recordando que as tecnologias sempre existiram, cada qual, a seu tempo, e delas, pessoalmente me servi para evoluir, evitando a qualquer preço, paralisar o meu desenvolvimento, apenas, copiando como ocorre com o advento da inteligência artificial que deveria ser usada como amplificador dos infinitos saberes e jamais como limitador do exercício supremo do pensar, pesquisar e finalmente, aprender.

As lembranças me levam a um passado em que a tipografia foi substituída pelas maquinas elétricas, as lentas impressoras pelas esplêndidas rotativas, mas ainda assim, no antes e no depois, as quatro da manhã de cada dia, os pacotes de jornais eram distribuídos nas bancas.

De lá para cá, pessoalmente, sinto que evoluí, aprendendo a desenvolver meus naturais predicados...

Todavia, observo que algo mudou, derrocando os talentos, expurgando os esforços, afinal, nos dias atuais, qualquer um da noite para o dia, transforma-se num “sabe tudo”, através do manejo do copia e cola e expressando incansáveis cachoeiras de achismos que fazem sucesso.

E aí, desfocam-se os raciocínios e esforços de conquistas possíveis de serem alcançados para o terreno do oportunismo imediatista, do estrelismo artificial, então, como será daqui há alguns anos, onde só restarão copias das máquinas pensadoras?

Penso imediatamente em Itaparica e no esforço sem limites para implantar um meio de comunicação que a pudesse conectar de alguma forma com sua vizinha Vera Cruz e até mesmo, entre uma comunidade e outra, afim de quebrar nem que fosse um pouco, o terrível isolamento e consequente apartheid que existia em todos os níveis.

Nesta época, a internet não era acessível à maioria e tão pouco, famosamente popular, portanto, o "tête-à-tête" ou de mão em mão, precisava ser feito com determinação e foi feito lindamente, durante 16 anos, mês a mês sem interrupções e sendo distribuído gratuitamente a cada cidadão, através das calçadas, becos e comércios, graças aos preciosos apoios de comerciante que acreditaram no projeto.

Havíamos descoberto a pólvora? 

Em absoluto, apenas, investimos durante 365 dias pessoalmente e financeiramente para conhecermos as pessoas, em um necessário planejamento, afim de adentarmos nas comunidades para nos apresentar, conhecendo-nos, num respeito necessário aos seus lugares de origem, suas culturas, desejos e necessidades, ganhando um Know-how estupendo que nos garantiu, não só um belo lançamento do “Tabloide Variedades”, como mantê-lo  como referência de parte da história cotidiana da cidade, até quando, migramos para a Rádio comunitária Tupinambá FM, presidida pelo sr, Claudio da Silva Neves, que foi outro marco indestrutível da memória na comunicação da Ilha e onde permanecemos até 2018.

Com a consciência tranquila e recompensada, percebo orgulhosa que contribuímos não só com a cidade e seu povo, como principalmente conosco, que fomos por todo o tempo, aprendendo a aprender.

A pergunta que insistentemente me incomoda é: Quais os legados (referências)que estão sendo construídos com o imediatismo e a preguiça, com a covardia e a incapacidade de expressar a própria isenta visão, baseada em fatos que sejam comuns a maioria, sem que haja, notoriamente, a presença desqualificante do partidarismo que é efêmero e descartável, seja lá sobre o que for?

Regina Carvalho- 27.3.2025 Itaparica

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