Acabo de digitar o título deste texto que sequer comecei a escrever e de repente, uma deliciosa brisa atravessa a janela e vem ao meu encontro, trazendo-me um adorável frescor e como adoro evidenciar os detalhes que geralmente, não são observados pela maioria por crerem serem banais, paro e respiro fundo, desejosa em levar para dentro de mim esse fragmento marinho mesclado com o tudo de bom que foi num bendito arrasto, adicionando a si, transformando-se numa bênção divina que me toca carinhosamente, neste amanhecer de domingo.
E aí, como não lembrar das infinitas outras brisas que me tocaram ao longo dos meus setenta e tantos que, já nem conto mais para não me sugestionar, preferindo pensar na menina arteira, na jovem criativa e voluntariosa que teima em residir em mim, que sorri e chora por quase tudo, muitas vezes ao mesmo tempo, quando a gratidão se torna mais forte do que os fatos que se apresentam.
Lembro então dos meus sogros Tião e Zizita, quando, aos 19 anos eu fui morar com eles em São Gotardo M.G, enquanto, meu Roberto estava em Brasília, preparando acomodações para nós. Pois é, em certa tardinha, um maluco beleza com violão e muita cara de pau, adentrou na varanda e começou a fazer a primeira e única serenata que já recebi na vida e foi tão inusitado que paralisei e eles, não menos surpresos pela ousadia do bendito, mas reconhecendo o meu constrangimento, sorriram, enquanto, minha sogra abria a janela e dizia; agradeça minha filha, isso não acontece todos os dias.
Tão marcante foi o fato, que se tornou inesquecível e que, certamente, consolidou minha relação de confiança, respeito, amizade e amor com meus sogros que ao longo dos tempos que se seguiram, foram minhas brisas refrescantes, meus amigos parceiros, pais abençoados do meu dia a dia, jamais necessitando deixar de ser eu mesma para ser acolhida, compreendia e amada por eles.
Brisas que me tocaram por prazerosos 20 anos, onde tive a oportunidade de aprender a enxergar os acontecimentos como eles se apresentam, sem adicionar ilações, estimuladores dos preconceitos que formam os julgamentos antecipados.
Bom dia!!
Regina Carvalho-14.04.2024 Itaparica
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