sábado, 6 de abril de 2024

REFLETINDO...

Amanheci pensando que se meu Roberto estivesse ainda ao meu lado certamente eu não teria me envolvido em determinadas situações e de certo modo, estaria me sentido meio que frustrada já que sempre tive como característica a espontaneidade de um espírito e mente livres.

Todavia como um ser humano altamente inteligente e não menos controlador, manteve ao longo de nossa convivência as rédeas curtas e bem presas ao equilíbrio de seus entendimentos sociais e políticos, o que se mostrou exitoso, já que conseguiu auferir circulação livre em todas as esferas nesta Ilha bendita, dividida em territórios e senso de cidadania com o nosso tabloide Variedades, durante dezesseis anos, assim como juntos, estivemos outros seis anos, comunicando com seriedade e honradez na extinta Rádio Tupinambá.


Todavia, o luto é um sentimento que apresenta várias fases e que se caracterizam individualmente e eu, quatro anos depois de sua partida, ainda estou tentando fortalecer as minhas próprias raízes, através de novas e sempre inéditas experiências, portanto, é natural que como uma pessoa reaprendendo a caminhar sem contar com um apoio confiável, vez por outra, derrape, estatelando-se no chão, por esta razão, tento não me culpar, mas também esforço-me como nunca o fiz antes, para não cometê-los seguidamente, pelo simples temor de voltar a cair ou preguiça de seguir adiante.

Menos Regina!!!

Esta era a expressão que mais ele usava e mesmo esperneando eu, acabava contendo a cachoeira de entendimentos que fui adquirindo sobre desvios éticos e morais das condutas das pessoas que se estendem automaticamente para as posturas administrativas públicas e que são responsáveis diretas por todas as mazelas sociais que se apresentam.

Não se trata de condutas pontuais aqui ou acolá, mas de um conjunto de forças que foram se agregando umas às outras, formando um cerco poderoso e altamente contagioso que atrai pessoas dantes simples e de boas intenções, como se fossem moscas ao mel, afinal, quem de verdade não deseja se dar bem na vida, nem que para isso, precise admitir para si mesmo, que neste mundo competitivo, só se dá bem, quem como um trator de colheita, colha para si próprio.

A corrupção que nada mais é que um braço produtivo do crime organizado, tem como objetivo maior, semear a vaidade contida em cada pessoa, esteja ela onde estiver, daí, encontrar-se um Estado brasileiro no tocante as suas instituições, totalmente voltadas ao amparo de seus mantenedores, que lhes garantem a impunidade, facilitando a circulação de suas falcatruas, afim de que seus altos salários e propinas permaneçam garantidas constitucionalmente, nesta troca hipócrita e doentia, o que se constata é o “poder criminoso” sempre crescente e mais forte, assim como uma miséria humana avassaladora de todos os níveis.

Cala boca Regina, você não vai mudar o mundo e só trará sarna pra se coçar!!!

Isso é verdade, mas como estaria o mundo senão houvessem os malucos idealistas e babacões humanistas que passaram suas vidas, plantando e regando nas mentes de seus semelhantes, uma sementinha de bom senso que, afinal, ainda não deixou a balança pender apenas, para o lado da destruição total do Planeta e consequentemente da vida?

Isso sem esquecer dos poetas que insistentes, colorem os rascunhos sistêmicos, dando a eles, o brilho da esperança.

Regina Carvalho-06.04.2024 Itaparica

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