A ruminação é o ato de regurgitar o bolo alimentar à boca, remastigando-o demoradamente, de modo a propiciar maior fragmentação das partículas, o que favorece a ação dos microrganismos para o melhor aproveitamento do alimento no rúmen e propicia a passagem das partículas não digeridas para adiante no trato digestivo.
De repente, neste anoitecer, sozinha em meio as minhas lembranças, assustei-me, afinal, em dado momento comparei-me a uma vaca ruminante.
Como pode isso, dona Regina?
Por toda a minha vida, apesar de ser uma pessoa extrovertida, explosiva, beirando a passionalidade, jamais fui capaz de tomar atitudes imediatistas e definitivas, precisando ruminar e ruminar lentamente, querendo entender cada fragmento ingerido para então, em dado momento, engolir, sem afetar a minha digestão.
O que eu não percebia é que ao contrário das vacas, minha ruminação se me garantia uma digestão saudável, minava uma série de outros órgãos, enfraquecendo a minha estrutura como um todo.
Conscientemente, estou empenhada neste processo restaurador por cerca de 30 anos e a cada dia, mais inadequações fui encontrando, mas também, mais livre e saudável fui me tornando.
Mas vaca ruminante?
Pelo amor de Deus, só eu mesma, para fazer-me tal comparação!!!
O que sei é que sou tão esquisita que até esqueço dos nomes de todos aqueles que me fizeram ruminar e hoje, neste dia bendito, ruminei pela última vez, o bagaço da cana amarga que fui obrigada a mastigar.
Gente... Foram 16 anos de ruminação, agora é esperar pelas fezes que nem para esterco hão de servir...
Regina Carvalho- 18.04.2024 Itaparica
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