Onde foi morar a inocência da infância que dantes, residia em mim?
Por diversas vezes, ameaçou partir e eu, entre soluços e suplicas, fui conseguindo reter sua partida.
Fiz dela minha blindagem, meu escudo, minha armadura, afinal, como sobreviver sem ela, num mundo controverso e cruel?
Cheguei a pintar meu rosto de palhaça, vesti-me de tola sonhadora e como se fosse uma criança feliz, até as ladeiras íngremes, rolei com o meu rolimã de esperanças, afim de alcançá-la e ela, sempre um palmo a minha frente, insistia em ir embora...
Pra onde?
Jamais me disse, mas só em pensar na possibilidade de ficar sem ela, deixava cair em minha fronte, grossas lagrimas de uma saudade antecipada, de uma dor inexplicável.
Um dia que lá se vai longe, finalmente, ela se foi deixando-me com um enorme vazio no peito que se reflete na alma, dilacerando lentamente o puro, o sensato que cria existir, empanando o mais expressivo olhar da minha criança que teimosa, permanece em mim.
Desesperada com um fato que fugia ao meu controle, cheguei a registrar a minha dor em Complexo de Dor Social, que ninguém leu, mas pelo menos, desabafei minha dolorida solidão, por havê-la perdido...
Onde estás, cristalina emoção que sequer te vejo como dantes, refletida num outro qualquer?
Regina Carvalho- 11.04.2024 Itaparica
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