Minha mente realmente sempre foi muito esquisita e devido as constantes reações negativas, certamente, fui ao longo de grande parte de minha juventude, camuflando essa curiosidade que me levava bem distante do óbvio convencional e aprendendo a calar-me, afinal, era mais seguro para a também garota mulher romântica que reconhecia a própria insegurança emocional e da sempre precisão de se sentir amparada.
Portanto, nem mesmo os mais chegados tinham acesso ao manancial de conhecimentos que era armazenado e assim, vez por outra, devido a falta da devida organização, a porta da espontaneidade que também sempre foi uma marca de minha forma de ser, deixava vazar aqui ou acolá e aí, o bicho pegava ...
Incomum, estranho este meu comportamento?
Creio que sim, numa sociedade onde todos precisam mostrar o que sabem e muitas vezes, mostrando uma precariedade absurda, mas que engana, já os demais em sua maioria, sabe bem menos.
E aí, em um certo dia, talvez cansada de me esconder, resolvi peitar o paredão da desconsideração, o buraco fundo do possível abandono e o resultado não poderia ser outro, além da mais ampla devastação.
Tudo bem, pensei...
Eu só não previ que diante das reações, desabrochasse de mim, uma mulher determinada e acrescida de uma força tão estranha, quanto eu mesma, capaz de se desnudar nas vias da vida na contramão, hasteando a bandeira do amor, afim de garantir a si mesma, o equilíbrio e as razões que norteavam a certeza absoluta de que viver não poderia ser mais uma “rebimboca da parafuseta” sem estilo e brilho e sim, um voo constante de vida e plena liberdade.
E assim, saí do armário, não para expor minha sexualidade, mas a minha alma de poeta, meu coração de humanista, minha mente de eterna curiosa.
Neste instante, sorrio de compreensão pelo muito que esperei para libertar-me ao mundo.
Bom dia para você que me lê, desejando que o equilíbrio e as mais autênticas razões, possam lhe garantir que o amor represente as sandálias seguras do seu caminhar, aonde quer que sua natureza direcione.
Regina Carvalho- 17.04.2024 Itaparica
Em Tempo: Rebimboca da parafuseta é uma expressão corrente em certas regiões do Brasil para designar uma peça, real ou fictícia, cujo nome ou função não são conhecidas ou lembradas.
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