A chuvinha fina e constante cai lá fora, enviando para mim os sons variados de seu contato com as folhagens, assim, como um friozinho leve e gostoso que me envolve e que me desperta uma delicada gratidão, sentimento parceiro sempre presente em minha vida, levando-me a crer que foi a gratidão que desde sempre me inspirou a registrar as impressões de meus sentidos que sempre atentos, foram absorvendo cada detalhe dos movimentos constantes e ininterruptos existente, num só instante de vida.
Enquanto escrevo ouvindo a chuva e os pássaros que escondidinhos entre as folhagens também emitem seus sons como se fossem, cada qual, um membro especial do coro da vida, saudando um novo dia, ainda sou capaz de imaginar as mãos do pianista dedilhando o piano numa execução bendita de “Clair de Lune”de Claude Debussy, induzindo-me a acompanhá-lo, através das teclas do computador em toques de sublime amor.
Oh! Mente inquieta que não satisfeita, ainda quer avaliar a precariedade do cotidiano, absolutamente destoante de toda esta grandeza que ao contrário da chuva energizadora, transforma cada ser humano, numa completa e ineficaz criatura que vaga cada vez mais sem rumo definido pelas avenidas da cegueira existencial, trombando uns nos outros, buscando sem qualquer traço de consciência, o sol e a chuva de suas próprias vidas.
Desejo então, que você que neste instante me lê, seja capaz de por um breve instante, respirar profundamente, só para sentir a si próprio.
Regina Carvalho-20.04.2024 Itaparica.
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