terça-feira, 30 de julho de 2024

QUIÇÁ, AMOR...

O dia amanheceu, mas o sol ainda não apareceu, na certa, como diria meu sempre irreverente pai, está se fazendo de gostoso para pessoas como eu que o aguardam ansiosas na plateia da vida.

E aí, pensando nisto, é claro que também penso no quanto, é gratificante esperar-se por alguém que admiramos e, se a amamos, “Jesus”, é indescritível o frisson que a expectativa é capaz de estimular, espaço este, que nos remete a uma gostosa ansiedade, repleta de conjecturas que por si só, já nos abastecem de incríveis emoções.


Comparo esta deliciosa espera com as preliminares do “fazer amor”. Afinal, são elas as determinantes quanto a potencialidade do gozo final e do depois...

Então, quietinha em relação a tudo quanto, se relaciona com a criatura humana, neste meu paraíso inspirador, questiono-me se ainda se “faz amor” neste mundo confuso e apressado ou se simplesmente transa-se, como num ato mecânico, depois, de alguns esfregas sem identidade de ambas as partes?

Penso sem constrangimentos em compartilhar que sou infelizmente, capaz de apostar que fomos perdendo sem precedentes, a maior conquista da segunda fase do Século XX, quando, a juventude foi se liberando sexualmente, sem perder valores como respeito pessoal e muito menos a empatia e sensibilidade em relação ao outro.

Fase do surgimento dos grandes poetas e compositores que descreveram em palavras e vibrações sonoras as emoções dos toques, dos aromas e dos sabores dos seus amores ou desejosas conquistas.

Penso que quando na cama, dois corpos só se encontram pela eventualidade, pouco ou quase nada é acrescido nas mentes e almas de ambos, não restando absolutamente nada que seja capaz de amaciar sentimentos, adoçar emoções, pois, onde não reside a ternura, o respeito e o carinho, não haverá jamais, lembranças felizes, quiçá, amor.

Regina Carvalho- 30.07.2024 Itaparica

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