segunda-feira, 8 de julho de 2024

QUANDO ME DISTRAIO...

Impressionante é o que fazemos com a nossa mente, geralmente, quando ainda somos apenas crianças, motivados por algum acontecimento, seja instantâneo ou não e que de tão absurdamente impactante, nos marca e nos acompanha vida afora, determinando nossa característica mais predominante.

Nem sempre esta característica é evidente aos olhos alheios, pelo menos de imediato, mas ao longo da convivência, a mesma vai sendo identificada pelo outro ou (os), criando reações que nos frustram, fazendo desenvolver em nós, algum tipo de resistência, já que não identificamos conscientemente, a nossa parcela de responsabilidade nos desajustes, exigindo de imediato de nós, um posicionamento, que pode ser de acomodação ou fuga, raramente de entendimento, gerando assim, decepções, amarguras, tristezas e com certeza raivas que podem evoluir para vinganças e rompimentos de formas variadas e abruptas.


Nos habituamos a transferir a culpa, se é assim que se possa chamar a transferência de nossa parcela de responsabilidade ao outro, afinal, cremos por convicção ou arrogância que estamos certos e ponto final.

E aí, no amadorismo de minhas observações cotidianas, já que não sou especialista em comportamento humano, mas depois, de sofrer na pele e na mente do mesmo mal da vaidade inconsequente e sem limites, percebo que se trata de uma distorção avaliativa de um falso senso de perfeição, que a maioria dos desencontros ou encontros desajustados com a realidade das pessoas, se dá, por falta absoluta da percepção de cada uma em relação ao que é e precisa, sem a menor capacidade em identificar se ambos estão aptos a corresponderem as necessidades e expectativas do outro, fazendo do entusiasmo do encanto inicial, um bater de martelo de garantias e com isso, esquecemo-nos que nada é eterno e que tudo, nada mais representa que um rico aprendizado com início, meio e fim...

Essa minha particular observação se adapta a qualquer tipo de relacionamento entre pessoas,  começando entre pais, filhos e irmãos e se estende entre vizinhos, colegas de escola e do trabalho, numa sucessão cotidiana de desencontros, alguns, até trágicos.

Esquecemo-nos também que somos o que somos e que devemos a nós e a mais ninguém, o nosso próprio aperfeiçoamento, afim de usufruirmos de forma mais leve, a nossa jornada existencial e que quem tem raízes são arvores e plantas, enquanto, nós, possuímos mente, alma e espírito, justo para criarmos o nosso próprio bem-estar, independentemente da situação em que nos encontremos, não nos cabendo o direito de transferir para o outro ou para uma situação, a nossa incapacidade em enxergar seja lá o que for, começando por nós mesmos, tal qual, se apresenta, sem floreios ou camuflagens.

Fácil? 

Ninguém jamais disse que seria, afinal, viver e conviver é barril pesado e de conteúdo complexo!!!

Eu por exemplo, por ter sido criada como “filha rapa do tacho”, acreditei que era a “última bolacha do pacote” portanto, fui vivendo minha vida, esperando de todos, atenção especial.

É mole?!.

Dei com os “burros n’água” infinitas vezes, mas pelo menos, tenho duramente aprendido a reconhecer o excesso de importância que ofereço a mim, quando me distraio com o encanto de algo ou de alguém.

Regina Carvalho- 06.07.2024   Itaparica

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Burros n'água.

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