Pra turma nascida dos anos 90 pra cá, as alterações já nascem com cada um deles, sofrendo algumas rejeições de pais e avós que ainda não estão totalmente recuperados dos avanços ocorridos através dos anos 70, mas a turma dos anos 50/60, que ainda sobrevivem, no que me incluo, cortam desde sempre um dobrado entre valores, virtudes e sabedorias nos convívios de todas as ordens, se bem que é preciso não esquecer, que fomos responsáveis por acendermos o estopim da liberdade individual, deixando uma sociedade na época boquiaberta.
“Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come”, não restando outra alternativa além de buscar consolo escrevendo versos e prosas, praticar esportes radicais para a terceira idade, tornar-se empreendedor compulsivo, ativo viajante ou fingir-se imponderado, aderindo as modernidades, criando pra si, um engajamento social, longe de ser autêntico, mas pensam; fazer o quê?
E aí, dá-lhe Viagra, cirurgias plásticas, falaciosas aparências que ostentam sorrisos programados, infelicidade galopante, porque, afinal, os olhos não mentem...
No meu tempo, lá pelas bandas do Leblon e Ipanema, dir-se-ia tratar-se de um “samba de crioulo doido”, mas agora, nem pensar...
Se olharmos com uma certa atenção a passagem dos últimos pelo menos 70 anos, poderemos observar que nada foi tão de repente e ao mesmo tempo, quanto, tem ocorrido nos anos 2000, certamente, por não ter havido o espaço necessário para uma certa assimilação neurônica para um mínimo de entendimento cognitivo.
Portanto, a turma mais antiga e os novos se misturam e vivem cotidianamente esta loucura social, esta guerra interpessoal, este fracasso dos sentimentos, esta explosão de emoções e violências de todas as ordens, afinal, homens e gatos, tigres e leões, precisam de afago e esta ausência, dispersa o reconhecimento da sensibilidade, do bom e do justo, do certo e do errado, restando uma savana de animais incapazes de avaliarem o básico que os diferenciam, que é justo, a capacidade de apenas amar e receber amor.
O que se vê e se sente, são movimentos corrosivos que contaminam umas às outras que estão a cada década, seguindo as ondas das modas, vestindo as cascas finas das aparências, sem vínculos amorosos com a vida, rotuladamente doentes e enfraquecidas, blindadas falsamente com as tarjas preta, as cocaínas, os craques e as maconhas, não esquecendo das bebidas, justo, por se sentirem sem tesão, rumos e objetivos pessoais, como se fossem folhas ao vento.
Resistir a tudo isso, realmente, não é pra qualquer um...
Regina Carvalho-30.06.2024 Itaparica
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