Amanheci nesta terça-feira, pensando as razões que me levam diariamente a acompanhar o nascer de um novo dia, pesquisando, escrevendo e publicando numa rede social, com a responsabilidade que empreguei em tantas outras atividades que participei ao longo de minha vida, onde, a minha satisfação em estar produzindo me bastava.
Pronto, acabei de responder, afinal, jamais consegui viver sem alegrias e nada me proporcionou mais prazeres e consequentes alegrias do que estar buscando conhecimentos e concomitantemente, distribuindo-os, sem olhar a quem.
Lembro que sempre foi assim, desde os tempos de garotinha, quando então, fiz do portão verde da varanda de meu quarto, a lousa encantada, onde me imaginava lecionando para crianças imaginárias, tendo na realidade como alunos, pássaros e borboletas, algumas vezes, barulhentas cigarras que interrompiam minhas narrativas e até o cão do vizinho, desejoso de estar em minha sala de aula e para tanto, se jogava vigorosamente contra o muro, tentando saltá-lo.
Roque era seu nome e medo era a sensação que me causava aquele enorme cão caramelo de latido rouco e uma boca descomunal que parecia querer me devorar, mas que tempos depois, descobri desesperada que apenas, com seu jeito desengonçado, só queria brincar comigo, quando, escapuliu pelo portão esquecido aberto e saltou sobre mim, na calçada diante de sua casa.
Lambeu-me o quanto quis, enquanto eu, até ser socorrida, gritava como uma louca e molhava de xixi a calcinha e o vestido, primeira grande vergonha pública aos cinco anos, que precisei enfrentar, assim, como minha primeira grande lição, afinal, nem tudo que parece ser, é...
Regina Carvalho- 9.07.2024 Itaparica
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