Ainda me lembro e não faz assim, tanto tempo, em que com o microfone da Rádio Tupinambá FM 87.9, eu passava duas das quatro horas em que permanecia no ar, comprovadamente num voluntariado, educando cidadania, cobrando atitudes fiscalizadoras dos vereadores, alertando o povo sobre os abusos cometidos através das licitações, sempre justificadas vergonhosamente com impecáveis contabilidades contratadas e pagas com o erário público, apresentadas nas prestações de contas, assim, como minhas incansáveis solicitações de apoio, direcionadas as lideranças políticas, sem jamais, ter recebido um telefonema sequer, fosse de engajamento ou simplesmente de encorajamento.
Fui sem cerimônia excluída, alijada, ao ponto de fecharem a única porta que abrigava uma voz resistente aos abusos institucionais, afinal, meu veneno não matava, mas infeccionava de forma inconveniente, latejando sem parar no que sobrara de consciência nas mentes dos políticos itaparicanos.
Todavia, bastavam os movimentos políticos começarem alguns meses, antes dos anos eleitorais, para de repente, dois ou três vereadores, milagrosamente “perceberem” este ou aquele desvio de conduta do gestor em atuação, para então, descobrirem-se oposição e defensores dos bens públicos, através de acusações em plenário, sem qualquer comprovação que as justificassem, assim como comunicadores, que faziam das redes sociais, palcos mambembes e barulhentos de promoção de si mesmos.
Portanto, por mais entusiasmada que eu pudesse ser, este acúmulo de leviandade absolutamente cumplice, aos poucos foi tirando de mim a bendita ingenuidade humanística de que, em algum momento, o bem triunfaria, restando-me aceitar o abandono da essência da cidade que abracei como minha.
Abandono recoberto da mais cruel demonstração cínica e hipócrita daqueles que deveriam em todos os dias e meses de uma gestão, fiscalizá-la, honrando não só o mandato de vereador, como de vice-prefeito ou até mesmo, das infinitas assessorias, através da honra pessoal e pública em cuidar do solo em que pisavam e dos cidadãos que cada qual, representava.
Afinal, onde está escrito na Constituição de 1988, que um vereador ou cargo que o valha de uma gestão, é obrigado a honrar a corrupção?
Em qual artigo ou inciso, determina-se a falta de compromisso com tudo quanto, seja de pertencimento público?
Custei a entender a poderosa força do mecanismo das trocas de moedas e favores, assim, como reconhecer que não passei de uma cobra vinda de terrenos outros e que, afinal, cobra não se cria...
Custei também a aceitar o doloroso fato de que jamais existiu união de ideais oposicionista dos maus feitos executivos e legislativos, tão somente, junção de interesses individuais ou de grupo, para a obtenção do poder e consequentemente, as moedas que o acompanha.
Frustrei-me diante da realidade, enfim, percebida?
Com certeza, afinal, não poderia ser diferente.
O idealismo humanitário pode cegar e nos levar a acreditar que seremos capazes de quebrar a banca do perverso jogo deste estruturado cassino, onde o real perdedor é sempre o tolo jogador.
Penso então, que enquanto, o povo não compreender que não perder as esperanças, não significa trocar 6 por meia dúzia, “tudo permanecerá como dantes no quartel de Abrantes”.
Regina Carvalho- 13.07.2024 Itaparica
Vai não, já foi!!!!
Eu que o diga..
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